Após Defesa não achar fraude, Malafaia ataca urnas e sugere censura
Um dia depois da divulgação do relatório do Ministério da Defesa sobre a conformidade da eleição deste ano ser divulgado e não constatar fraude, o pastor Silas Malafaia, um dos aliados mais próximos do presidente e candidato derrotado à reeleição Jair Bolsonaro (PL), publicou um vídeo em que ironiza a segurança da urna eletrônica.
Vestido com uma camisa da Seleção Brasileira, que virou uma espécie de uniforme dos protestos antidemocráticos contra o resultado da eleição, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo critica o sistema eleitoral. Por três vezes, ele afirma que "as urnas são seguríssimas", enquanto faz o gesto de "não" com a mão.
No fim do pronunciamento de 1 minuto e 33 segundos, o pastor ainda recita o refrão da música Cálice, de Chico Buarque, composta como um protesto velado contra a ditadura militar e a censura.
"O cálice aí não tem nada a ver com o de Jesus, é o de calar a boca. E eu termino dizendo: salve, salve, santa, imaculada, intocável urna eletrônica brasileira."
No último fim de semana, Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), suspendeu perfis de apoiadores de Bolsonaro, nos quais viu ataques às cortes e divulgação de informações falsas acerca do funcionamento das urnas e do processo eleitoral.
Mudança de tom. Em sua primeira manifestação —no dia seguinte à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)—, Malafaia decidiu fazer um desagravo a Bolsonaro, embora reconheça o resultado da eleição.
Após acusar a imprensa de "massacrar" o presidente, ele disse: "Você sobreviveu e perdeu por milímetros. Bolsonaro, você é vitorioso mesmo na derrota".
Conforme o movimento em defesa de um golpe militar contra o resultado da eleição —articulado por bolsonaristas mais radicais— ganhou força com o bloqueio de rodovias e manifestações em frente a quarteis das Forças Armadas, o pastor foi elevando o tom.
Em um novo vídeo direcionado a Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ele repercutiu um falso relatório com denúncias forjadas de fraude na votação brasileira divulgado por um militante de extrema direita argentino, aliado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), terceiro filho do presidente.
"Preciso de respostas como qualquer brasileiro. O que esses auditores argentinos falaram é verdade ou mentira? O senhor tem que vir com provas robustas, caso isso seja mentira", disse ele em publicação de 4 de novembro.
Malafaia evitou afirmar peremptoriamente que houve fraude eleitoral e diz que ele e os demais bolsonaristas querem "ser convencidos" de que as eleições foram limpas.
"Não quero ser leviano, nem precipitado, nem injusto. Mas eu tenho responsabilidades com milhões de brasileiros que me questionam. O senhor é obrigado a vir a público e trazer respostas", afirmou.
Relatório da Defesa. O relatório do Ministério da Defesa sobre o processo de fiscalização do sistema de votação eletrônico usado nas eleições deste ano —divulgado ontem à noite— era esperado por apoiadores de Bolsonaro, com a expectativa de que pudesse apontar algum tipo de fraude ou irregularidade.
Ao longo das 63 páginas do documento, no entanto, o Ministério da Defesa não apontou nenhuma irregularidade ou fraude no sistema. O documento afirma que os dados dos boletins de urna impressos ao final da votação conferem com os dados divulgados pelo TSE.
Moraes disse, também por meio de nota, que recebeu o relatório dos militares com "satisfação" e reafirmou a lisura do sistema eleitoral do país. "O Tribunal Superior Eleitoral recebeu com satisfação o relatório final do Ministério da Defesa, que, assim como todas as demais entidades fiscalizadoras, não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022", disse o ministro.
Nesta quinta, em nova nota, o Ministério da Defesa diz que, apesar de não ter indicado nenhuma fraude, seu relatório não teria excluído essa possibilidade e que não teria sido possível assegurar que os programas utilizados pelas urnas eletrônicas "estão livres de inserções maliciosas que alterem o seu funcionamento".
"O Ministério da Defesa esclarece que o acurado trabalho da equipe de técnicos militares na fiscalização do sistema eletrônico de votação, embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022", diz um trecho da nota.
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