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'Perdeu, mané, não amola': Barroso rebate bolsonarista em Nova York

Leonardo Martins e Weudson Ribeiro

Do UOL, em Brasília

15/11/2022 15h43Atualizada em 24/11/2022 22h20

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso foi novamente abordado por um bolsonarista enquanto caminhava em Nova York, nos Estados Unidos. "Perdeu, mané. Não amola", disse o ministro ao manifestante. O episódio aconteceu hoje.

É o segundo episódio de intimidação que Barroso sofre durante a viagem aos EUA, onde participou, ao lado de outros ministros do STF, de um evento do grupo empresarial Lide. Da vez anterior, Barroso pediu que a mulher que o abordou não fosse "grosseira".

No vídeo de hoje, o homem questiona Barroso durante a entrada no local do evento: "O senhor vai responder às Forças Armadas? Vai deixar o código fonte ser exposto? Brasil precisa dessa resposta ministro, com todo respeito". Ao que o ministro responde: "Perdeu, mané, não amola".

O relatório sobre as urnas eletrônicas elaborado e divulgado pelas Forças Armadas comprovou a contagem oficial de votos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e não identificou fraude alguma, como tentou sustentar o manifestante.

É possível ver, na imagem, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), caminhando ao lado de Barroso, que comandou a Justiça Eleitoral até fevereiro deste ano.

Os ministros foram alvos constantes do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), que fazia ataques às urnas eletrônicas sem apresentar provas. Bolsonaro perdeu o segundo turno da eleição presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que assume o governo federal em 1º de janeiro de 2023.

Barroso se manifestou no Twitter após o episódio. "A República ideal é feita com integridade, patriotismo, liberdades públicas, igualdade de oportunidades, respeito, pluralismo e uma agenda de interesse público capaz de aglutinar as pessoas, e não dividi-las. Precisamos acertar", escreveu.

No começo do mês, a Polícia Militar teve de ser acionada para ajudar Barroso a se afastar de um grupo de apoiadores de Bolsonaro, em Porto Belo (SC).

Na ocasião, Barroso se manifestou sobre o episódio de Santa Catarina. "A democracia comporta manifestações pacíficas de inconformismo, mas impõe a todos os cidadãos o respeito ao resultado das urnas. O desrespeito às instituições e às pessoas, assim como as ameaças de violência, não fazem bem a nenhuma causa e atrasam o país, que precisa de ordem e paz para progredirmos", disse.

Rosa Weber repudiou ataques em nota. Ontem, a presidente do STF, ministra Rosa Weber, criticou as intimidações contra seus colegas.

"O Supremo Tribunal Federal repudia os ataques sofridos por ministros da Corte", disse, em nota. "A democracia, fundada no pluralismo de ideias e opiniões, a legitimar o dissenso, mostra-se absolutamente incompatível com atos de intolerância e violência, inclusive moral, contra qualquer cidadão."

Atrito entre Bolsonaro e Barroso. A tensão entre o presidente da República e o ministro do STF começou há pouco mais de um ano, quando governistas no Congresso Nacional tentaram aprovar um projeto de lei em que a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) questionava a segurança das urnas eletrônicas e apontava vulnerabilidades no sistema de votação.

Presidido por Barroso à época, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se manifestou reiteradamente contra a proposição, que não obteve os votos necessários para ser aprovada. Desde então, Bolsonaro tem atacado o posicionamento do ministro, contrário ao voto impresso.

Ministro evitou Bolsonaro em encontro no STF

Em 1º de novembro, Barroso deixou as imediações do STF pouco antes de Bolsonaro chegar no prédio, em que se reuniu com a presidente do tribunal, Rosa Weber, os ministros Luiz Edson Fachin, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Kassio Nunes Marques e André Mendonça, e o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Após o encontro, Fachin afirmou que Bolsonaro sinalizou que aceita a derrota para o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "O presidente da República utilizou o verbo acabar no passado. Ele disse 'acabou'. Portanto, olhar para frente", afirmou o magistrado a jornalistas.