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Monica de Bolle: Bolsonaro faz paródia de Trump após derrota nas eleições

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/11/2022 14h55

A economista e pesquisadora Monica de Bolle afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) faz uma paródia do ex-presidente americano Donald Trump ao não reconhecer sua derrota nas urnas na tentativa de uma reeleição. Ela participou do UOL News nesta segunda-feira.

"Eu vejo [Bolsonaro como] uma paródia [de Donald Trump]. É uma paródia porque para quem viveu aqui [nos Estados Unidos] nos últimos anos, para quem viveu os anos Trump e viu a transição de poder entre Trump e Biden, transição que nunca ocorreu na verdade porque não houve sequer uma admissão de derrota, tal qual o presidente Bolsonaro imita agora no Brasil. É tudo uma espécie de paródia de coisas já vistas", afirmou.

De Bolle ainda fez uma comparação entre Trump e Bolsonaro e afirmou que a própria diferença do sistema eleitoral brasileiro com o sistema dos Estados Unidos dificulta qualquer tentativa de que as eleições do Brasil sejam deslegitimadas.

"O sistema eleitoral brasileiro é completamente diferente do sistema norte-americano. Aqui existe um processo de certificação das eleições muito demorado e esse foi um período em que Trump explorou de tudo para tentar derrubar o resultado das eleições. (...) nada disso vai acontecer no Brasil porque é outro sistema e esse sistema certifica as eleições prontamente", disse.

Ela ainda afirmou que uma manifestação semelhante à invasão no Capitólio, que aconteceu nos Estados Unidos e foi incentivada por Trump, é praticamente impossível de acontecer no Brasil e também relembrou que os próprios militares brasileiros fizeram uma auditoria nas urnas.

"Já fizeram auditoria nas urnas, inclusive o Ministério da Defesa que não foi solicitado para fazer apresentou um relatório que não tem qualquer tipo de evidência de que tenha ocorrido qualquer coisa que ilegitime as eleições. É uma tentativa de desespero e ele [Bolsonaro] pode judicializar o quanto quiser, mas só vai estar fazendo mal ao país nesse processo", finalizou.

Tales: Tática de Bolsonaro é esticar a corda para criar clima contra posse

"A estratégia de Bolsonaro é esticar a corda até pelo menos o dia da posse. Ele vai tentar e vai ficar blefando e jogando suspeitas de que pode haver um golpe ou pode não haver. De que os militares estão apoiando e [usando] fake news que a turma bolsonarista embarca também", afirmou o colunista do UOL Tales Faria sobre a intenção de Bolsonaro de "tumultuar" a posse de Lula.

Apesar da estratégia adotada por Bolsonaro, Tales avaliou que há chances quase nulas de que a estratégia seja bem-sucedida.

"Não há na sociedade essa possibilidade [de golpe]. Não há espaço para isso nem aqui dentro e nem internacionalmente e os militares sabem disso. Bolsonaro está dando corda para maluco e os malucos estão aí na rua fazendo essa bobajada".

Dal Piva: Equipe de transição de Lula faz 'radiografia do desmonte' dos direitos humanos sob Damares

A colunista do UOL Juliana Dal Piva afirmou que a equipe de transição de Lula identificou um desmonte do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos sob a gestão de Damares Alves e que serão feitas reuniões com entidades da sociedade civil para que seja definido o caminho a ser tomado a partir de 2023.

"Ainda não se tem ideia do desmonte, mas eles começaram a analisar na sexta-feira (18) os dados e uma coisa que é clara dentro do Ministério é que teve uma execução muito baixa ao longo desses últimos quatro anos em todo o período que a Damares foi ministra da área", afirmou.

Dal Piva ainda falou sobre a queda de investimentos nas áreas de igualdade social e de política para mulheres, e apurou que acontecerão reuniões nos próximos dias para definir as prioridades do novo governo.

"Eles querem traçar um diagnóstico para ver como está e também vão fazer encontros com entidades da sociedade civil nos próximos dias para ouvir das entidades o que aconteceu, o que está falando e o que é mais urgente", finalizou.

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