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Bolsonarista que atacou agente da PRF paga fiança de R$ 50 mil e é solto

Willian Jaeger foi preso em flagrante por tentativa de homicídio após agredir um agente da PRF com uma barra de ferro em um ponto de bloqueio em Rio do Sul (SC), em frente à loja da Havan - Reprodução
Willian Jaeger foi preso em flagrante por tentativa de homicídio após agredir um agente da PRF com uma barra de ferro em um ponto de bloqueio em Rio do Sul (SC), em frente à loja da Havan Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

24/11/2022 21h40

O empresário Willian Jaeger, suspeito de usar uma barra de ferro para agredir um agente da PRF (Polícia Rodoviária Federal), foi solto hoje à noite após pagar uma fiança de R$ 50 mil.

O ataque ocorreu na tarde de 7 de novembro em meio a atos golpistas na BR-470 em frente a uma loja da Havan em Rio do Sul (SC), a 190 quilômetros de Florianópolis, capital catarinense.

Preso em flagrante após o episódio, ele foi indiciado pela PF (Polícia Federal) por tentativa de homicídio, já que o golpe atingiu a cabeça do agente. Colegas do policial ferido, que enviaram uma foto do capacete danificado, disseram que ele poderia ter morrido se não estivesse usando o equipamento de proteção.

O alvará de soltura foi expedido pela juíza federal Micheli Polippo, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região, que estipulou o valor da fiança para revogar a prisão preventiva.

A decisão atendeu a um pedido feito pelo advogado Claudio Gastão da Rosa Filho, que defende o empresário catarinense de 33 anos.

Jaeger estava detido há pouco mais de duas semanas no presídio regional de Rio do Sul.

Como foi o ataque? Jaeger é acusado de ter atacado o policial rodoviário em frente a uma loja da Havan, rede varejista pertencente ao empresário Luciano Hang, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL).

capacete - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Capacete salvou agente da PRF em agressão de bolsonaristas em SC
Imagem: Arquivo pessoal

Bolsonaristas estiveram acampados no local do conflito desde o dia 30 de outubro, horas após a derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial ser confirmada. No dia 2 deste mês, com o bloqueio já formado, Jaeger compartilhou em seu perfil no Instagram um vídeo com imagens aéreas da paralisação, mostrando uma longa fila de veículos.

Veículo da empresa de Jaeger foi multado. No dia seguinte, um caminhão registrado em nome da Pré-Fabricar, empresa da família, foi multado pela PRF pela participação no bloqueio.

A infração ocorreu às 13h57 do dia 3 de novembro no km 136 da BR-470, a apenas 11 quilômetros da sede da empresa.

O veículo foi notificado por infração gravíssima, com multa de R$ 5.869,40, por "interromper, restringir ou perturbar a circulação na via sem autorização do órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre ela". A punição está prevista no artigo 253-A do Código de Trânsito Brasileiro.

Quem é Jaeger? O empresário, que também é piloto amador de automobilismo, costumava publicar imagens das corridas nas redes sociais. O carro com o qual ele participava de competições é patrocinado pela Pré-Fabricar Construções Ltda, uma das empresas de sua família, que fornece estruturas pré-fabricadas de concreto e metal para grandes obras e atua em toda a região Sul.

Ele é filho do empresário Frederico Jaeger Neto, que também é sócio da Pré-Fabricar e tem negócios em outras áreas, incluindo uma cervejaria e administradoras de bens. A maioria dos estabelecimentos está registrada no Vale do Itajaí, região no leste de Santa Catarina.

Frederico também presidiu a ACCO-SC (Associação Catarinense de Criadores de Ovinos de Santa Catarina) de 2014 a 2016. O empresário detém animais da raça Hampshire Down, cuja carne tem alto valor comercial, e frequenta feiras de criadores no Brasil e no exterior.

Negacionista na pandemia. Nas redes sociais, o empresário catarinense fez publicações de teor negacionista em relação à covid-19. Em uma delas, em janeiro deste ano, compartilhou o relato de um pastor evangélico, que divulgou a falsa informação de que a esposa teria sofrido AVC (acidente vascular cerebral) após ser vacinada. Ele também fez postagens com críticas ao PT e em defesa de Bolsonaro.

Elogios a Bolsonaro, a Paulo Guedes e a Luciano Hang

Em entrevista a um canal de YouTube local concedida em junho deste ano, Jaeger fez elogios a Bolsonaro e a Paulo Guedes, ministro da Economia. "Nós temos que tirar o chapéu para a condição econômica do que foi possível fazer para o Bolsonaro e para o Guedes."

Em outro trecho da conversa, citou o dono da loja onde ficou durante a paralisação no momento em que foi preso em Rio do Sul.

"Eu admiro muito o Luciano Hang. É um cara diferenciado. Duas horas com aquele homem... Isso é uma faculdade, cara. Se tu sabe absorver... Nossa, o cara é um avião. E corajoso, né?"

Pai de família, religioso e herdeiro: "Nós somos fora da curva"

Na mesma entrevista, ele demonstra preocupação em dar sequência ao legado da família na empresa onde está à frente do setor administrativo.

"Tem um legado de duas gerações já. Tem essa questão da expectativa, né? Tem a comparação. 'Pô, seu Frederico [o empresário Frederico Jaeger Neto, pai dele] é assim, o Willian é assim', isso é normal", diz.

Com 40 anos de atuação, a Pré-Fabrica conta com cerca de 450 funcionários. "Nós somos fora da curva aqui. Nós estamos trazendo bastante pessoal do Nordeste para trabalhar aqui."

Começo no automobilismo. Durante a entrevista, Jaeger revelou como começou no automobilismo, em 2015.

"Eu terminei a minha faculdade e ele [pai de Jaeger] me deu R$ 30 mil. Aí, já no outro dia, liguei: 'quer vender o teu Opala de corrida ainda?' [O dono do veículo respondeu]: 'Quero.' Então, tá bom. 'Tá aqui, ó, poft.' E aí, começou a brincadeira daí, cara", disse, aos risos. Casado e com uma filha de 1 ano, ele diz ter se tornado uma pessoa mais religiosa.

"Sou pai de família, empresário e piloto também nas horas vagas. Sou um cara que vai trabalhar de manhã cedo, volta para casa, faz exercício, fica com a família, descansa e volta para o trabalho. Hoje, eu sinto muito mais a proximidade de Deus na minha vida."

Ele diz ter começado a conviver no ambiente da empresa quando tinha apenas 8 anos. "Meu pai falou, naquela época que eu tinha que estar lá. Tinha que cumprir aquele horário." Jaeger disse que trabalhava na produção da empresa até os 20 anos, quando começou a atuar no setor administrativo. "Eu sou responsável pela logística, pelos motoristas, manutenção de caminhão, programação de obras."