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Governo Bolsonaro 'destruiu' programa de vacinação, diz grupo de transição

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

25/11/2022 11h55Atualizada em 25/11/2022 15h35

O GT (Grupo de Trabalho) de Saúde da transição de governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fez hoje alertas a respeito das coberturas vacinais no Brasil para além da covid-19, dizendo que o governo Jair Bolsonaro (PL) "destruiu" as bases do PNI (Programa Nacional de Imunizações) nos últimos quatro anos.

O grupo informou ainda que o Ministério da Saúde não repassou informações importantes sobre estoque de medicamentos e prazos de validade de remédios e vacinas contra a covid-19.

Há risco, portanto, de que imunizantes sejam jogados fora a partir de janeiro do ano que vem, na versão do GT da Saúde da transição. "Duas informações são fundamentais. Qual é o tamanho do estoque e qual é o prazo de validade. Quando falamos de medicamentos, imunobiológicos, essa questão é decisiva", comentou o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, que faz parte do núcleo.

Chioro e os também ex-ministros da Saúde Humberto Costa (senador pelo PT-PE) e José Gomes Temporão criticaram as ações da atual gestão da pasta em face do aumento de casos de covid-19 no Brasil, especialmente no que diz respeito à imunização infantil.

No entanto, as preocupações se expandem também para as vacinas previstas no calendário obrigatório de saúde, que previnem doenças como a poliomielite ou a tuberculose.

"O atual governo conseguiu praticamente destruir um esforço de quatro décadas e meia em um programa que se transformou em um modelo internacional", disse Arthur Chioro. "Há risco concreto de reemergências de doenças que estavam erradicadas, como é o caso da pólio, e não há planejamento", declarou.

Segundo ele, os levantamentos feitos pelo GT de Saúde identificaram que nenhuma das vacinas previstas até 1 ano de idade está com a cobertura nacional dentro da meta.

Arthur Chioro destacou também que o Instituto Butantan, responsável pela produção e distribuição de oito vacinas que compõem o calendário previsto pelo PNI, ainda não foi informado a respeito do planejamento do Ministério da Saúde para as campanhas do próximo ano.

Enquanto Humberto Costa definiu que a transição está "às cegas" em relação à vacinação, Chioro afirmou que não era possível esperar até o dia 1º de janeiro para tomar providências sobre o planejamento e execução das políticas de saúde que visam a imunização da população contra doenças.

Risco de vencimento de doses de covid. Arthur Chioro também levantou críticas a respeito da operação digital do Ministério da Saúde, que compila dados de casos de covid, vacinação, mortes e outras informações dos estados e municípios.

Segundo ele, há uma reclamação dos entes federativos de que os dados compilados nas plataformas "não correspondem à realidade", incluindo a distribuição de doses de vacinas da covid-19.

"O ministério distribui as doses e não sabe aonde essas doses estão e seu prazo de validade. O que temos de informação, e queremos comprovar com o pedido de documentação que estamos fazendo, é que milhões de doses de vacina para covid estão com prazo para vencer agora no fim do ano, e principalmente nas primeiras semanas de janeiro e fevereiro de 2023", declarou.