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OPINIÃO

Maierovitch: Lula terá 'trabalho de Hércules' para pacificar o Brasil

Colaboração para o UOL, em Salvador

06/12/2022 21h20

Na avaliação do colunista do UOL Walter Maierovitch, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá um trabalho difícil para apaziguar os ânimos na política brasileira. Durante a edição do Análise da Notícia de hoje, o jurista comentou sobre a preocupação com a polarização, mesmo após a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições.

"Esse trabalho de pacificação do Lula vai ser um trabalho assim, vamos usar uma expressão da literatura, 'hercúleo', que significa um de trabalho de Hércules. Se a gente pegar 'planetariamente', a Argentina está na mesma situação hoje. Nós tivemos a condenação da vice-presidente [Cristina Kirchner]. Está polarizada igual aqui. O mundo também está polarizado. Veja que o ex-presidente norte-americano [Donald Trump] quer voltar. Nós temos Hungria e Polônia com uma ultradireita. Temos a Itália, que acabou de eleger uma fascista que faz de todos os contorcionismos para mostrar que ela não é fascista, inclusive apoiando a Ucrânia. A direita toda está muito forte, criou musculatura. O Bolsonaro deu musculatura para essa gente [aqui no Brasil]".

Ainda durante o programa, Maierovitch destacou a importância da Justiça penalizar o presidente Jair Bolsonaro por inflamar seus apoiadores e estimular a crise entre Poderes durante o seu mandato.

"Qual é a meta da Justiça Criminal num Estado de direito? O que faz a justiça na área criminal? Não deixar impunes os crimes e não punir inocentes. É essa a sua meta. Ela não pode sair dessa, concedendo anistias e absolvições, porque se não estará sendo desvirtuada. Não podemos ter uma Justiça desvirtuada, porque nós vivemos num estado democrático e republicano", acrescentou o colunista.

Walter Maierovitch reforçou, ainda, a importância do presidente eleito Lula escolher um nome que represente "força" e "autoridade" para o Ministério da Defesa. "Nós não podemos voltar à barbárie. Esse é o ponto.[...] Nós vivemos um momento muito delicado. Não podemos ter um 'vaselina' no Ministério da Defesa. Precisamos ter gente com compromisso, passado, força e autoridade".

O nome que tem ganhado força nos bastidores para assumir a pasta da Defesa, no próximo governo Lula, é o do ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro.

Toledo: Lira vai mudar o endereço da 'farra' do orçamento secreto

O colunista do UOL José Roberto Toledo afirmou hoje durante a edição do Análise da Notícia que o próprio presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), vai providenciar, em tese, um basta na "farra" do orçamento secreto no Congresso.

O STF (Supremo Tribunal Federal) agendou para quarta-feira (7) o julgamento das quatro ações que questionam as chamadas emendas do relator, popularmente conhecidas como "orçamento secreto". Na última quinta-feira (1º), a ministra Rosa Weber liberou os processos, dos quais é relatora, para julgamento no plenário.

Na opinião de Toledo, o Congresso Federal "apresentará um novo projeto ainda essa noite, antes da apreciação do STF, para aprová-las e argumentar que o julgamento perdeu o seu objeto".

"Acho que vai ser o próprio Arthur Lira (que vai propor o fim do esquema). (...) Eles empurraram até a décima hora essa história para ver se continuava. Negociando o quê? 'Olha Lula, você precisa desesperadamente aprovar essa PEC da Transição ou você não governa em 2023. Nós vamos te ajudar, mas tudo tem um preço na vida, né? Vamos manter aqui esse orçamento secreto, depois a gente rediscute esse negócio'".

O colunista avaliou também que a movimentação de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, para a mudança das regras do pagamento de emendas do relator, vai permitir a manutenção do esquema.

"Só querem dar um sinal de boa vontade e já estão falando em protocolar o projeto hoje. Antes que o julgamento do Supremo comece", acrescentou Toledo. "O orçamento secreto é uma excrecência que tem que acabar, além de retirar do poder Executivo, que foi eleito, a prioridade de determinar o que são as prioridades do orçamento, onde o dinheiro deve ser gasto e onde deve ser priorizado".

O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: