'Perda emocional é a pior parte': jovem viu herança de avô destruída no DF
O estudante de relações internacionais Gabriel Marques, de 21 anos, contou que teve o carro incendiado na última segunda-feira, 12, durante os atos de vandalismo praticados por bolsonaristas em Brasília.
O veículo, uma herança que recebeu do avô, estava próximo à sede da Polícia Federal, onde ocorreu a maior parte dos protestos.
Gabriel afirma que, por volta das 20 horas, ao sair do trabalho, observou uma movimentação estranha na rua. "Fui caminhando até o estacionamento e, quando cheguei, encontrei o carro totalmente depredado."
Já assustado, o estudante ligou para um tio e pediu ajuda para chamar o guincho. "Assim que desliguei a ligação, a polícia jogou gás lacrimogêneo nos manifestantes para dispersar a multidão e eu me afastei", contou Gabriel ao UOL.
Segundo ele, neste momento, a manifestação começou a se intensificar.
"Bloquearam a rua e os manifestantes começaram a jogar pedras e a quebrar as coisas. Me afastei um pouco mais e voltei para a entrada do prédio", conta ele.
Comecei a observar que estavam ateando fogo nas redondezas. Dentro de minutos atearam fogo ao meu carro. Ainda cheguei um pouco mais perto só para confirmar, mas já era tarde.
Gabriel Marques
Gabriel voltou para o escritório e aguardou até as 22 horas. Depois, caminhou a um hotel na região da Asa Sul, onde um amigo foi buscá-lo.
Além da perda material, Gabriel tenta lidar com o impacto emocional da situação. O veículo, um Fiesta Sedan, era herança do avô, morto em abril de 2022.
"Estava usando o carro de forma provisória até ter condições de comprar um para mim. A perda emocional está sendo a pior parte disso tudo, porque é insubstituível."
Como ele começou a fazer estágio há apenas um mês, não tem condições de comprar outro carro agora. Os amigos se mobilizaram e criaram uma vaquinha virtual para ajudá-lo.
"Tenho o receio de ter de me endividar para comprar um carro por agora para continuar cumprindo as atividades do dia a dia", completa. Além da faculdade e trabalho, ele usava o veículo para levar a avó a consultas médicas e ao mercado.
"Eu sempre fui muito a favor do diálogo e respeito, antes de tudo. Mesmo que a pessoa não concorde comigo, eu acho que ela deve ter o direito assegurado de se posicionar", diz Gabriel.
"Sei que esses atos são um reflexo no nosso país, principalmente no meio político. Agora, o que eu presenciei na segunda-feira não são atos de manifestações. Para mim, são atos criminosos", completou o estudante.
"Todas as pessoas que realizaram esses atos de vandalismo devem ser responsabilizadas, inclusive os financiadores e organizadores. Nesse momento, meu sentimento é de indignação total."
O que aconteceu?
Os ataques começaram após a prisão de José Acácio Serere Xavante, conhecido como cacique Serere, que organizava protestos contra o resultado das eleições. As entidades que representam a Polícia Federal (PF) repudiaram na última terça-feira (13) os atos, e a ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) e a Fenadepol (Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) cobraram punição dos autores.
Assista a "As Vozes de Bolsonaro", novo documentário do UOL:
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