Topo

Superintendente da PRF do PI mantido por Lula não parou ônibus no 2º turno

Relatos sobre operações da PRF no Nordeste no dia do 2º turno se multiplicaram nas redes sociais - GOVERNO FEDERAL
Relatos sobre operações da PRF no Nordeste no dia do 2º turno se multiplicaram nas redes sociais Imagem: GOVERNO FEDERAL

Fabíola Perez

Do UOL, em São Paulo

19/01/2023 13h54Atualizada em 19/01/2023 17h43

O único superintendente da PRF (Polícia Rodoviária Federal) mantido pelo governo Lula após uma série de dispensas é o inspetor Paulo Fernando Nunes Moreno, que atua na regional do Piauí. Cotado para a função de diretor de Gestão de Pessoas, Moreno é considerado "de confiança" da nova gestão. No dia 30 de outubro, data do 2º turno das eleições presidenciais, ele não parou ônibus com eleitores no estado.

Moreno havia sido mantido pelo governo, mas, às 17h23 oficializou o pedido de exoneração por meio de uma carta. No comunicado, ele atribuiu a saída a motivos pessoais. "Tomo a decisão pessoal de comunicar minha dispensa do cargo de Superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Estado do Piauí."

"Não houve fiscalização de ônibus no Piauí no dia do segundo turno", informou a comunicação da PRF. Segundo a assessoria do órgão, os documentos operacionais da PRF confirmam que coletivos não foram parados em blitz no dia 30 de outubro.

O governo Lula dispensou ontem superintendentes regionais da PRF em 25 estados e no Distrito Federal e trocou a direção da PF (Polícia Federal) em 18 estados.

Em relação às mudanças na equipe, a PRF afirmou que a troca de superintendentes é "natural" no início de uma nova gestão e que o diretor-geral indica pessoas de confiança para integrar as equipes. Moreno já participa da atual administração. Ele foi membro da equipe de transição, portanto teria a confiança do diretor-geral para continuar na administração.

Fiscalização de veículos no Piauí. No dia do segundo turno, ao menos metade das operações da PRF que interferiram nos fluxos de transportes públicos e privados de eleitores ocorreram na região do Nordeste —onde Lula teve maioria de votos já no segundo turno.

As operações foram realizadas mesmo após a proibição de qualquer ação que afetasse o transporte público dos eleitores, determinada pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ministro Alexandre de Moraes. Na época, foram questionadas porque provocaram lentidão e dificuldades no deslocamento de eleitores —o que teria resultado em abstenções.

A comunicação da Polícia Rodoviária Federal disse que havia um planejamento para fiscalização de trânsito às vésperas do segundo turno. A operação, segundo o órgão, ocorreria para fiscalizar o trânsito e a criminalidade. Ainda de acordo com o órgão, não havia orientação para fiscalização do transporte de passageiros.

Quem é o inspetor Moreno

O superintendente, de 51 anos, começou a carreira no Maranhão em janeiro de 1996. Formado em Direito pela Universidade Federal do Maranhão, em 2006, ele assumiu funções como a chefia do Núcleo de Operações, foi chefe substituto das Delegacias dos municípios maranhenses de Açailândia e de Balsas.

Ele assumiu a superintendência regional da PRF do Maranhão em 2015, onde ficou até ser designado para atuar no Piauí. O inspetor é conhecido por ter um perfil "técnico".

Moreno atua como superintendente desde o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). No Maranhão, ele ocupou o cargo entre 2015 e 2021, período em que o governador do estado era Flávio Dino (PSB), atual ministro da Justiça.