CPMI do 8/1: Deputado diz ter assinaturas de senadores; faltam da Câmara
O deputado federal André Fernandes (PL-CE) disse que conseguiu o mínimo de 27 assinaturas no Senado para a abertura de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar os atentados do 8/1 em Brasília. Entretanto, ainda faltam as 171 assinaturas obrigatórias da Câmara.
Em seu perfil nas redes sociais, Fernandes, que é um ferrenho apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), divulgou os nomes dos senadores que assinaram a proposta de CPMI (veja no final da matéria). Segundo o deputado cearense, até o momento ele conseguiu entre 85 e 90 assinaturas dos deputados.
Fernandes alega que o objetivo da Comissão é "investigar os atos de ação e omissão ocorridos no último dia 08 de janeiro nas Sedes dos Três Poderes da República, em Brasília".
Ele culpa o governo do presidente Lula (PT) pelas cenas de depredação na capital federal naquele 8 de janeiro, e cita um documento do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), de 6 de janeiro, que alerta para o risco de "ações violentas contra os prédios da Esplanada dos Ministérios", em Brasília. O relatório teria sido enviado a 48 órgãos do governo federal.
O bolsonarista também critica a decisão do governo de decretar sigilo sobre as imagens gravadas no Palácio do Planalto, durante o ato golpista. A medida, segundo os congressistas, atrapalha a "transparência" das investigações.
Apesar de articular a instauração da CPMI para investigar o ato de vandalismo dos terroristas bolsonaristas, André Fernandes é alvo de uma denúncia no STF (Supremo Tribunal Federal), a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), por incitar os golpistas.
O pedido tem como base publicações do parlamentar nas redes sociais. Conforme a PGR, ele estimulou as ações criminosas do extremistas bolsonaristas.
André Fernandes também é alvo de um pedido de cassação na Câmara por parte do PSOL pelo mesmo motivo, ou seja, por supostamente incitar os golpistas a atentarem contra a democracia.
Governo é contra CPI ou CPMI
A proposta de Comissão para investigar os golpistas não têm o apoio do governo federal porque, no entendimento de Lula e seus apoiadores, o Judiciário já se encarregou de instaurar inquéritos para apurar o ocorrido e punir os responsáveis.
Nenhum petista assinou a proposta de Fernandes, que tem o apoio majoritário de parlamentares do PL, partido do ex-presidente, do Republicanos e do Progressistas — legenda do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que teve o apoio de Lula para se reeleger.
Chama a atenção que pelo menos três senadores do União Brasil, entre eles Sergio Moro, assinaram a CPMI. O partido foi contemplado com três ministérios na Esplanada.
Também assinam o pedido de Comissão Mista o filho "01" do ex-presidente, Flávio Bolsonaro, o ex-vice-presidente Hamilton Mourão, e os ex-ministros Ciro Nogueira, Tereza Cristina, Damares Alves, Marcos Pontes, Rogério Marinho, além do próprio Moro.
O que é preciso para instaurar uma CPMI?
Por envolver as duas Casas do Congresso Nacional, a CPMI precisa de assinaturas de senadores e deputados federais
- no mínimo de 27 senadores precisam assinar o pedido
- no mínimo 171 deputados precisam assinar o pedido
- Com a assinatura de 1/3 do Senado e 1/3 da Câmara, a CPMI é instaurada obrigatoriamente
Recolhidas as assinaturas mínimas necessárias, o pedido de abertura é apresentado à mesa diretora, que o lê em plenário. Isto, no entanto, não é o bastante para ela funcionar. Ainda é preciso que os partidos que têm representatividade na Casa indiquem os membros para a comissão e, ai sim, é feita a sua instalação efetiva. Os trabalhos devem durar 90 dias.
Veja os senadores que assinaram a proposta de CPMI:
- Zequinha Marinho (PL-PR)
- Rogério Marinho (PL-RN)
- Magno Malta (PL-ES)
- Wellington Fagundes (PL-MT)
- Izalci Lucas (PSDB-DF)
- Mecias de Jesus (Republicanos-RR)
- Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
- Damares Alves (Republicanos-DF)
- Eduardo Girão (Novo-CE)
- Plínio Valério (PSDB-AM)
- Esperidião Amin (PP-SC)
- Alan Rick (União-AC)
- Sergio Moro (União-PR)
- Carlos Portinho (PL-RJ)
- Marcos Pontes (PL-SP)
- Hamilton Mourão (Republicanos-RS)
- Jorge Seif (PL-SC)
- Jaime Bagattoli (PL-RO)
- Luís Carlos Heinze (PP-RS)
- Eduardo Gomes (PL-TO)
- Ciro Nogueira (PP-PI)
- Styvenson Valentim (Podemos-RN)
- Wilder Morais (PL-GO)
- Cleitinho (Republicanos-MG)
- Marcos do Val (Podemos-ES)
- Tereza Cristina (PP-MS)
- Marcio Bittar (União-AC)
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