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Bolsonaro defende invasores do 8/1: 'Chefe de família, mães e avós'

Do UOL, em São Paulo

27/02/2023 13h23Atualizada em 27/02/2023 16h42

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu, em discurso nos Estados Unidos, os vândalos envolvidos na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro.

Nós temos agora, vai completar dois meses, 900 pessoas presas, tratadas como terroristas. Que não foi encontrado, quando foram presos, um canivete sequer com elas. E estão presas. Chefes de família, senhoras, mães, avós
Jair Bolsonaro, durante SA Summit 2023, na Flórida (EUA)

Bolsonaro também comparou os atos golpistas no Brasil com a invasão do Capitólio em 2021, quando apoiadores de Donald Trump invadiram e depredaram o local. O ex-presidente disse que nos EUA a "grande maioria" das pessoas está "respondendo ao devido processo" em liberdade.

"No Brasil, não. Não tem formal de culpa, não tem testemunha. As pessoas, a grande maioria, sequer estavam na Praça dos Três Poderes naquele fatídico domingo, que nós não concordamos com o que aconteceu lá", seguiu.

Apesar da fala de Bolsonaro, até janeiro haviam sido realizadas cerca de 950 prisões nos EUA. De acordo com o The New York Times, essa é a maior investigação criminal dos 153 anos de história do Departamento de Justiça do país.

Uma possível influência de Bolsonaro nos atentados é um dos focos das investigações da PF e do Judiciário. Pessoas próximas ao ministro Alexandre de Moraes, que conduz os inquéritos, e membros de órgãos ligados às investigações, como o Ministério da Justiça, dizem que o papel de Bolsonaro precisa ser esclarecido.

Moraes incluiu Bolsonaro no inquérito sobre a autoria dos atos golpistas, depois que um vídeo questionando o resultado da eleição foi postado —e apagado— das redes do ex-presidente.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) já enviou uma série de denúncias ao STF. Apesar das investigações ainda em curso no âmbito da PF (Polícia Federal), mais de 600 pedidos de abertura de ação penal foram formalizados nas últimas semanas, a maioria contra pessoas presas no acampamento montados por apoiadores de Bolsonaro em frente ao quartel-general do Exército em Brasília.

Prejuízos na casa dos milhões. Vídeos divulgados após a invasão mostraram a destruição no Congresso, STF e Palácio do Planalto. Só no Senado e na Câmara dos Deputados, o valor estimado pelas Casas para o prejuízo aos cofres públicos foi de aproximadamente R$ 6 milhões.

Presos nos atos

Mais de 1,3 mil pessoas foram presas após os atos golpistas de 8 de janeiro. Veja a lista final.

No último sábado (25), Moraes decidiu que somente as visitas para fins acadêmicos, jornalísticos e "casos omissos" precisam de autorização da Corte. O ministro lembrou que os presos pelos atos golpistas têm direito a visitas de acordo com as regras já estabelecidas no Distrito Federal, desde que elas não se enquadrem entre as exceções citadas.

Segundo recente levantamento do MPF, que perfila os envolvidos nos atos antidemocráticos, metade dos presos nesses atos receberam auxílio emergencial. Além disso:

  • possuem idades entre 36 e 55 anos;
  • 60% são homens;
  • há ex-candidatos entre os detidos;
  • menos de um quinto possui filiação a algum partido.
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