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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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PM que vigiou Marcola em SP foi a ato terrorista no DF, dizem policiais

Sandro Luiz Palmeiras em Brasília durante manifestação golpista - Reprodução
Sandro Luiz Palmeiras em Brasília durante manifestação golpista Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

09/01/2023 14h51Atualizada em 09/01/2023 17h36

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Até poucos anos atrás, antes de se aposentar, Sandro Luiz Palmeiras, 52, hoje tenente reformado da Polícia Militar, cuidava da vigilância dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) recolhidos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, um dos mais fortes redutos da facção criminosa.

Sandro trabalhava na muralha do presídio e entre os condenados vigiados por ele estavam Marco Willians Herbas Camacho, 54, o Marcola; Daniel Vinícius Canônico, 47, o Cego; Júlio César Guedes de Moraes, 51, o Julinho Carambola, entre outros prisioneiros integrantes da cúpula do PCC.

Na tarde de domingo (8), Sandro foi reconhecido por policiais penais que trabalharam com ele no presídio, como um dos milhares de "patriotas" que viajaram até o Distrito Federal, onde golpistas participaram de atos terroristas e destruíram os prédios dos Três Poderes.

Sandro foi reconhecido após postar no próprio Facebook vídeos com imagens dele em um acampamento no quartel do Exército e também na Praça dos Três Poderes. Os prédios do Congresso Nacional, STF (Supremo Tribunal Federal) e Palácio do Planalto foram depredados.

Em um dos vídeos, feito no acampamento, Sandro diz: "Não para de chegar patriotas de todos os cantos do Brasil. É hoje pessoal. Vamos resgatar a nossa pátria". E acrescenta em outro trecho: "Deus, pátria, família e liberdade, tudo junto".

Já em um segundo vídeo, gravado na Praça dos Três Poderes, o PM afirma no meio da multidão: "Coisa linda de se ver. O Brasil é nosso de novo".

Na sequência, um homem alerta que "os caras" estão correndo atrás dos PMs da Cavalaria do Distrito Federal. Sandro rebate: "A guerra é assim mesmo, mas a gente vai vencer. Já vencemos em nome de Deus". E dá uma ordem: "Cada um vai ter de ocupar um território e não vai sair".

'Quem são os manés'

Além dos vídeos, o tenente Sandro também fez postagens escritas em sua página no Facebook. Ele menciona que esteve no "front mais uma vez, combateu o bom combate e fez a parte dele com maestria. Diz ainda que "os patriotas querem uma posição das Forças Armadas".

Em outra postagem, o PM aposentado de Presidente Venceslau novamente escreve na página do Facebook que está no "front" e acrescenta: "Logo veremos quem é o mané, ou melhor, quem são os manés". E ressalta: "nossa bandeira jamais será vermelha".

Na frase, quando cita a palavra mané, Sandro se refere ao ministro do STF, Luís Roberto Barroso, que ao ser abordado e hostilizado por um bolsonarista em 15 de novembro do ano passado nos Estados Unidos, respondeu: "perdeu, mané, não amola".

Segundo policiais penais, Sandro viajou de ônibus de Presidente Venceslau para Brasília com outros PMs e agentes penitenciários. As fontes disseram que o frete dos ônibus e as despesas das viagens foram financiados por um empresário de Venceslau que foi candidato a deputado.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Sandro Luiz Palmeiras, mas publicará a versão dos defensores dele assim que houver um posicionamento.