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Bolsonaro chora em entrevista após se negar a depor à PF: 'desumano'

Ex-presidente Jair Bolsonaro fala sore suposta fraude em dados de vacinação - Reprodução/YouTube
Ex-presidente Jair Bolsonaro fala sore suposta fraude em dados de vacinação Imagem: Reprodução/YouTube

Do UOL, em São Paulo

03/05/2023 13h36Atualizada em 03/05/2023 19h14

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou emocionado e chorou durante entrevista ao programa Pânico na TV, após operação de busca e apreensão na residência dele em Brasília em investigação sobre a suposta fraude de dados sobre vacinação contra a covid-19.

O que aconteceu:

Bolsonaro disse que sofre "uma pressão enorme 24 horas por dia", desde antes de assumir a presidência, e que a operação "mexeu" com ele.

À Polícia Federal, a defesa informou que ele não deve comparecer ao depoimento hoje; depois, a alegação foi de que ele só falará após o acesso completo ao processo.

O ex-presidente disse ter sido bem tratado pelos policiais e se emocionou ao falar do momento em que os agentes encontraram e fotografaram o cartão de vacinação de Michelle Bolsonaro, por suspeita de fraude.

Segundo ele, ao ser questionado, disse apenas que não se vacinou, mas que a esposa tomou uma dose do imunizante da Janssen nos Estados Unidos por recomendação médica.

Bolsonaro também afirmou que decidiu não imunizar a filha mais nova, Laura: "tem um atestado médico que ela está dispensada de tomar a vacina."

Ele confirmou que o celular dele foi apreendido, mas que o aparelho não tem senha, diferentemente do que disseram informações iniciais de que os dados para acesso não tinham sido fornecidos. Já o aparelho da ex-primeira-dama Michelle, não foi levado pela PF.

Podiam perguntar sobre vacina para mim, cartão, eu responderia sem problema nenhum. Agora é uma pressão enorme, 24 horas por dia, o dia todo, desde antes de eu assumir a presidência até agora, e não sei quando isso vai acabar. E por que eu fico emocionado? Mexeu comigo, sem problema. Quando vai para esposa, para filhos, aí o negócio é desumano.
Jair Bolsonaro

No tocante à fraude, da minha parte, zero. As vezes em que eu viajei pelo mundo, uma vez para a Itália, se não me engano, eu até perguntei para a minha assessoria se era exigida a vacina; me disseram 'sim', então eu disse 'se é sim, eu não viajo'. Daí veio a resposta oficial, país europeu, talvez a Itália, que eu estava dispensado da vacina. O tratamento dispensado a chefes de estado é diferente do cidadão comum. Tudo é acertado antecipadamente e em minhas idas aos Estados Unidos, em nenhum momento foi exigido cartão vacinal.
Jair Bolsonaro

Entenda o caso

Bolsonaro foi alvo de busca e apreensão e seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, foi preso.

O ex-secretário das Comunicações, Fábio Wajngarten, não soube dizer se Jair Bolsonaro teve acesso ao cartão de vacina que, segundo a polícia, foi falsificado e evitou especular sobre como o presidente entrou nos EUA.

A defesa do presidente Bolsonaro aqui se encontra, ainda não teve acesso aos autos, nem mesmo no que se diz respeito aos outros investigados. O presidente virá depor tão logo tenha acesso aos autos, fato esse que ainda não se consumou.
Fábio Wajngarten, advogado de Bolsonaro