Schwarcz: Moraes usa estratégia de pegar Bolsonaro em pequenos delitos

A historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz comparou a estratégia de Alexandre de Moraes em operação contra Jair Bolsonaro ao método utilizado para capturar o gângster Al Capone.

A estratégia do Moraes é pautada em um modelo que vem sendo copiado e utilizado contra o Al Capone, que tinha muitas culpas no cartório e foi pego por evasão fiscal. Ou seja: você pega a pessoa não por conta dos grandes delitos, mas a partir dos pequenos. O objetivo é pegar Bolsonaro nessa contradição entre o que ele diz em sua campanha negacionista contra a vacinação.
Lilia Schwarcz, historiadora e antropóloga

Em participação no UOL News, Schwarcz vê uma ligação direta entre Bolsonaro e as milícias digitais, que propagam desinformação pelas redes sociais. Ela defendeu a ação de Moraes e projeta mais revelações sobre este envolvimento do ex-presidente e de seus assessores com este universo.

Essa conexão com o submundo é muito impressionante. A operação também abocanhou os assessores, que estão muito ligados a essas milícias bolsonaristas. Ao que tudo indica, as conexões com essas milícias digitais, mas que têm impacto na realidade, são muito evidentes. Moraes tem mais material que deve aparecer nas próximas horas ou dias.
Lilia Schwarcz, historiadora e antropóloga

Ao citar Al Capone, Schwarcz lembra o caso do gângster italo-americano que burlou a Lei Seca nos Estados Unidos durante os anos 1920 e 1930. Apesar do notório envolvimento em diversas atividades criminosas, Al Capone só foi preso por sonegação de impostos.

Josias: Moraes tortura jurisprudência para ficar com processos de Bolsonaro

Josias de Souza analisou a ação de Alexandre de Moraes em operação contra Jair Bolsonaro e vê o ministro do Supremo Tribunal Federal se esforçando para manter os casos do ex-presidente sob seu controle. Para o colunista, a maioria dos ministros do STF corrobora o comportamento de Moraes por conta da ação do ministro durante as últimas eleições.

É evidente que Moraes está torturando a jurisprudência para manter Bolsonaro sob sua jurisdição. Em condições normais, esse novo processo sobre cartões falsificados resultaria na abertura de um novo processo, que em tese iria para outro juiz, mas Moraes faz questão de manter Bolsonaro sob sua jurisdição. Ele foi de alvo a algoz de Bolsonaro com paciência, disciplina e muito método.
Josias de Souza, colunista do UOL

Quaest: Ação da PF conseguiu furar a bolha e impactar imagem de Bolsonaro

Jonatas Varella, diretor de dados da Quaest, afirmou que a operação da Polícia Federal teve "impacto muito forte" na imagem de Jair Bolsonaro. Em monitoramento realizado pela Quaest nas redes sociais após a ação da PF, Varella percebeu que os defensores do ex-presidente adotaram o discurso de "crime menor" e questionaram a operação para cuidar "apenas" da adulteração de cartões de vacinação.

Esta operação teve um poder e um impacto muito forte na imagem de Bolsonaro. Ela conseguiu furar a bolha e captar um pouco o bolsonarista e impactar a imagem do ex-presidente. Ainda assim, entre os militantes mais 'raiz', houve quem o defendesse, mas com uma estratégia diferente: não foi dizer que ele cometeu crime ou não, mas que foi um crime irrelevante.
Jonatas Varella, diretor de dados da Quaest

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