Coordenador do MST: 'Governo Lula peca na falta de articulação política'
O coordenador nacional do MST, João Pedro Stedile, avaliou os primeiros meses do governo Lula e criticou a articulação no Congresso em meio a ofensivas de opositores. Ele foi o convidado de hoje no UOL Entrevista, com apresentação de Fabíola Cidral e participação dos colunistas Chico Alves e Leonardo Sakamoto.
"Acorda, Senhor Padilha! Mesmo na nossa CPI do MST tem muitos deputados nos atacando que são base do governo. Isso é inaceitável, isso é falta de articulação política no Congresso".
Stedile caracterizou o governo como uma frente ampla contra o fascismo e destacou que ele está inserido em um período histórico de crise no sistema capitalista.
"O governo recebeu um Estado depredado, foram 6 anos de privatização e fim de direitos. Então, é claro, que os tempos do governo são diferentes dos tempos das necessidades sociais".
O coordenador do MST considerou que há uma ausência da mobilização da classe trabalhadora em greves e manifestações, o que considera um desafio para o governo.
"Muitos ministros são medrosos por conta desse contexto histórico. Alguns ministros recuam, outros ficam paralisados e outros avançam. Eu acho que o ministro Silvio Almeida tem avançado muito com seus posicionamentos Mas o governo só vai avançar mesmo quando houver mobilização de massa".
Articulação de Lula
"Eu não sou a favor que o Lula se meta no Congresso. Isso é papel do ministro da articulação política. Ele mesmo disse: 'se eu começar a me meter no Congresso, a fatura aumenta cada vez mais'. Eles vão cobrar o 'pedágio' deles".
Stedile mencionou sua participação na comitiva do presidente à China em abril e o destaque do governo aos BRICS como novo polo da geopolítica.
"No quesito política internacional, o Lula tira 10. Ele sacou que o mundo está em crise, que a geopolítica está se movendo e por isso ele priorizou pautas muito boas".
"Companheiro" Alckmin
Stedile foi questionado sobre a relação com o vice-presidente Geraldo Alckmin, que considerou "inesperada".
"Como eu tenho formação cristã, eu sempre aprendi que todos os seres humanos têm salvação. Então, as pessoas mudam, para o bem ou para o mal".
Ele também citou o deputado tenente-coronel Zucco, presidente da CPI do MST, que coordenou o GSI durante os governos Lula e Dilma.
"Ninguém imaginava que o cara que cuidava da vida do número 1 do Brasil viraria um fascista de quinta categoria financiado por um fazendeiro que pratica trabalho escravo".
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