Atritos e voto divergente: Como foi o 3º dia do julgamento de Bolsonaro
Com atritos e divergências entre os ministros, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) teve o terceiro dia do julgamento que pode tornar Jair Bolsonaro (PL) inelegível. Até o momento, o placar está 3 a 1 pela condenação do ex-presidente. Já há maioria por absolver o vice na chapa, Braga Netto (PL). Amanhã, a sessão será retomada para mais três votos.
Veja como foi o 3º dia de julgamento
A sessão começou com o voto de Raul Araújo, que divergiu do parecer elaborado pelo relator Benedito Gonçalves e optou pela absolvição de Bolsonaro. Para o ministro, Benedito "abrangeu fatos e circunstâncias outros que extrapolam bastante os contornos originais da pretensão autoral".
Raul também defendeu a não inclusão da minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres por entender que não há nexo entre o documento apócrifo e a reunião com os embaixadores organizada por Bolsonaro.
Ministros chamaram a atenção do colega. Cármen Lúcia disse que o entendimento de Araújo estava "sem pertinência" com o voto de Benedito Gonçalves. A ministra ressaltou que o documento apócrifo "não afetou o voto do relator", até porque "ainda não se apurou a responsabilidade disso".
Gonçalves também alfinetou Raul. "Meu voto foi claro de que não está se apurando aqui a minuta", afirmou.
Após a cobrança, ele mudou o foco para a reunião em si, que é o objeto do julgamento.
Terraplanismo, pirueta e nova crítica a Raul
Em uma fala dura, o ministro Floriano de Azevedo Marques Neto votou pela condenação de Bolsonaro ao enxergar intenções eleitoreiras do então presidente na reunião. Além de citar terraplanistas, ele também afirmou que absolver Jair seria "dar uma pirueta", em uma crítica direta ao que havia defendido Raul.
Para embasar seu voto pela condenação de Bolsonaro, ele também citou o caso da cassação do ex-deputado estadual Fernando Francischini (PL-PR), que perdeu o mandato por disseminar mentiras sobre as urnas eletrônicas.
Manipulação da realidade
Último a votar hoje, o ministro André Tavares também seguiu o relator. Ele entendeu que Bolsonaro "promoveu impulsionamento de sua própria candidatura, manipulando a realidade para sua base eleitoral".
André Tavares optou por um voto mais conciso. Ele caracterizou a reunião com os embaixadores como tática eleitoral e uma ação coordenada, apoiada indevidamente na máquina pública, para disseminar informações falsas e discurso alarmista, resultando em abuso de poder.
Como está o placar
Atualmente, está 3 a 1 pela condenação de Bolsonaro. O general Walter Braga Netto já obteve maioria para ser inocentado. Todos até agora tiveram esse entendimento.
Votaram pela condenação de Bolsonaro: Benedito Gonçalves, Floriano de Azevedo Marques Neto e André Tavares.
Votou pela absolvição de Bolsonaro: Raul Araújo.
Quem falta votar: Cármen Lúcia, Nunes Marques e Alexandre de Moraes.
A próxima sessão do julgamento será retomada amanhã no plenário do TSE a partir das 12h.
Se algum ministro que ainda não votou pedir vista, o julgamento é suspenso e prorrogado em até 60 dias para retomada da análise.
*Participam da cobertura
Do UOL, em Brasília: Leonardo Martins e Paulo Roberto Netto
Do UOL, em São Paulo: Caíque Alencar, Isabella Cavalcante, Stella Borges e Wanderley Preite Sobrinho
Do UOL, no Rio: Lola Ferreira
Colaborou Tiago Minervino, em São Paulo
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