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Polícia Federal adia depoimento de Carla Zambelli sobre ligação com hacker

A Polícia Federal adiou o depoimento da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) em ação que investiga a suposta contratação do hacker Walter Delgatti Neto para invadir contas do ministro Alexandre de Moraes e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

O que aconteceu:

A defesa disse que o depoimento da parlamentar deve ocorrer "no final desta semana ou no começo da próxima semana". Ela seria ouvida hoje, às 14h, na sede da Polícia Federal em São Paulo.

Segundo apurou UOL, o depoimento foi adiado a pedido da defesa. Zambelli só deve depor quando a deputada tiver acesso ao inquérito. Em coletiva hoje na porta da PF após o anúncio do adiamento, o advogado sustentou que o delegado do caso acatou a solicitação para uma nova data.

Na semana passada, o advogado Daniel Bialski disse ao UOL que a parlamentar compareceria à PF nesta segunda-feira, mas destacou que ela ficaria em silêncio, caso não tivesse acesso aos autos. "Minha orientação é que só responderá perguntas após nos serem franqueados os autos", afirmou na ocasião.

"A deputada e a Defesa compareceram aqui para mostrar que, de fato, ela estava atendendo a intimação, em respeito à autoridade policial e também em consideração" à imprensa, disse o advogado. Ele afirmou que Zambelli responderá a "no momento oportuno, a qualquer tipo de pergunta".

Questionado sobre um suposto despacho de 2 de agosto dando acesso aos autos à defesa, divulgado pela GloboNews, o advogado afirmou que a defesa não foi intimada "em momento algum e, hoje de manhã, tentou acesso novamente e não conseguiu acessar os autos".

Por fim, a deputada disse que "de maneira nenhuma" está sendo isolada pela bancada do PL, já que poucos parlamentares do seu partido participaram da coletiva dela no dia em que foi alvo de busca e apreensão da PF.

Eu acho que poucos são os deputados que têm coragem de enfrentar ou de se colocar ao lado de uma pessoa que está sendo acusada pelo ministro Alexandre de Moraes
Carla Zambelli, deputada federal

Operação contra Delgatti e Zambelli

A investigação da PF quer descobrir se a deputada pagou ou não R$ 3.000 ao hacker Walter Delgatti para que ele produzisse um mandado de prisão falso contra Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, entre 4 e 6 de janeiro de 2022. A deputada nega envolvimento no caso.

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Eu pagaria R$ 3 mil pra me arriscar dessa forma, para fazer uma brincadeira de mau gosto? Eu sei o que é certo ou errado e não participaria de uma brincadeira de mau gosto com Alexandre de Moraes.
Carla Zambelli, em coletiva de imprensa no último dia 2

Delgatti assumiu autoria de falso mandado contra Moraes. O hacker afirmou que o falso documento serviu como prêmio de consolação para Zambelli. Segundo ele, a deputada havia lhe pedido que hackeasse as urnas eletrônicas e as contas do ministro — o que a deputada também nega.

Os pagamentos foram relacionados a fazer firewall e ligar minhas redes ao site, e [Delgatti] disse que não conseguiu realizar essa tarefa
Carla Zambelli, em coletiva de imprensa no último dia 2

Delgatti está preso em Araraquara desde o último dia 2, quando foi alvo de uma operação da PF. Ele já usava tornozeleira eletrônica desde 10 de julho por decisão da Justiça. Armas, computadores, tables e o passaporte de Zambelli foram recolhidos pela PF na ação da semana passada.

A investigação apontou que a deputada pagou R$ 13,5 mil ao hacker, supostamente pela invasão de sistemas. Além do mandado falso, 11 alvarás de soltura falsos foram emitidos nos sistemas do CNJ e de tribunais do país. Se confirmados, os fatos investigados podem configurar crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.

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