Moraes mandou prender Silvinei após PF apontar risco de interferência

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a prisão preventiva do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques após a Polícia Federal identificar risco de interferência nas investigações. O magistrado ainda indicou que a conduta de Silvinei foi "gravíssima" e apontou para a tentativa de interferir nas eleições de 2022.

O que aconteceu

Em representação a Moraes, a PF listou provas e motivos que justificariam a prisão de Silvinei. Um deles é o risco de o ex-diretor da PRF comprometer depoimentos que ainda estão sendo colhidos, com uma tentativa de "combinação de versões" de outros agentes que seriam ouvidos pelos investigadores.

Moraes concordou e apontou que a liberdade de Silvinei poderia "comprometer a eficácia das diligências", uma vez que, mesmo aposentado, o ex-diretor da PRF ainda tem influëncia e "reverência" entre agentes.

É citado o caso envolvendo Naralúcia Leite Dias, então chefe do Serviço de Análise de Inteligência da PRF, e Adiel Pereira Alcântara, então coordenador de Análise de Inteligência da PRF. Segundo a PF, ambos "aparentemente faltaram com a verdade" ao depor, indicando a presença de "temor reverencial" em relação a Silvinei Vasques.

As condutas imputadas a SILVINEI VASQUES são gravíssimas e as provas apresentadas, bem como as novas diligências indicadas pela Polícia Federal como imprescindíveis para a completa apuração das condutas ilícitas investigadas, comprovam a necessidade da custódia preventiva para a conveniência da instrução criminal"
Alexandre de Moraes, ministro do STF

Conduta ilícita e gravíssima

Moraes apontou ainda que as provas levadas pela PF apontam uma tentativa deliberada de interferir nas eleições de 2022, por meio de blitze na região Nordeste - reduto tradicionalmente de eleitores do presidente Lula (PT).

Segundo o ministro, as provas colhidas até o momento demonstram um "direcionamento tendencioso de recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores".

Uma das provas levantadas pela PF foi um mapeamento de municípios onde Lula obteve mais de 75% dos votos no primeiro turno no celular da ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Marília Ferreira de Alencar. À época, a pasta estava sob o comando de Anderson Torres.

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Em depoimento, um analista de inteligência do ministério afirmou que foi o responsável por levantar as cidades para o mapeamento. Blitze conduzidas pela PRF no dia do segundo turno tiveram como foco os municípios com maior porcentagem de votos ao petista.

Ao Supremo, a PF apontou que os indícios demonstram que Silvinei atuou para determinar um "policiamento direcionado" para impedir eleitores de votarem e que, "ao mencionar que a instituição deveria escolher um lado", indica atuação como polícia de governo.

"A prisão do investigado visa permitir que a produção de elementos probatórios possa ocorrer de forma clara, precisa e eficaz, sem qualquer interferência do mesmo em sua produção, sendo mais que conveniente, de suma importância para a instrução criminal", disse a PF.

Silvinei foi preso pela PF

Silvinei foi preso preventivamente nesta manhã em Florianópolis pela Polícia Federal e a previsão é que ele seja transferido para a superintendência da PF em Brasília, onde vai prestar depoimento.

O UOL apurou que ele vai passar a noite em uma cela da superintendência e, depois, vai ser levado para a Papuda. A reportagem busca contato com a defesa de Silvinei Vasques.

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Além da prisão de Silvinei, Alexandre de Moraes autorizou busca e apreensão em endereços de dois ex-coordenadores gerais e quatro ex-diretores do órgão. Wendel Benevides Matos, ex-corregedor da PRF, foi um deles.

Outros 47 policiais rodoviários federais ainda serão ouvidos pela investigação da PF.

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