Lula avisa Ana Moser sobre troca no Esporte; pasta deve ir para o PP

O presidente Lula (PT) avisou hoje à ministra do Esporte, Ana Moser, que ela deverá ser exonerada do cargo. A pasta deve ir para o PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), que tem resistido à indicação por almejar um ministério mais robusto. A expectativa é que o anúncio seja realizado amanhã (6).

Troca para acomodar o centrão

Lula e Ana Moser se encontraram no Palácio do Planalto na tarde de hoje. Se confirmada, a mudança é parte da minirreforma ministerial que o governo negocia há quase dois meses em busca de apoio no Congresso.

O líder do PP na Câmara, deputado André Fufuca (MA), deverá assumir o cargo. O governo já havia anunciado em julho uma reforma ministerial para alocar Fufuca, mas ainda faltava decidir em que pasta Lula iria encaixá-lo.

Governo e assessoria da ministra não confirmam troca. A mudança na pasta não foi divulgada pela Secom (Secretaria de Comunicação Social). Ao UOL, a assessoria do ministério do Esporte também nega que houve demissão. Lula e Ana Moser deverão ter outra conversa amanhã.

A ideia é que a pasta concentre parte do orçamento das apostas esportivas, das empresas conhecidas como bets. Esse seria um jeito de convencer o PP, que diz ver o Esporte como um ministério "menor" e desejava o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo Bolsa Família.

Se confirmada, Ana Moser será a segunda ministra mulher a deixar o governo Lula. Em junho, o União Brasil determinou a primeira troca do centrão, na pasta de Turismo, que era comandada por Daniela Carneiro. Em abril, houve mudança no GSI (Gabinete Institucional de Segurança): em meio a polêmicas do 8 de janeiro, o ministro-chefe do GSI, general Gonçalves Dias, pediu demissão.

Mais uma mudança é esperada. Outro que também poderá ser anunciado amanhã é o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que mira Portos e Aeroportos. Há, no entanto, uma resistência por parte de Márcio França (PSB) em deixar a pasta.

Negociação difícil com o PP

Ainda não é certo se o PP aceitará o Esporte. As negociações já duram quase dois meses e têm irritado o centrão. A entrada do PP e do Republicanos foi confirmada pelo governo em meados de julho, quando já havia pressão desses partidos por mais cargos.

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Incomodado, o centrão da Câmara pressionou Lula na votação de propostas importantes, em especial o arcabouço fiscal. O projeto que substitui o teto de gastos e ajuda a nortear a política econômica do terceiro mandato de Lula foi aprovado depois de muito vaivém, mas não da forma como o governo queria — sem a emenda que permitia gastos extraordinários pela União.

O governo dizia que não havia pressa e que Lula ainda estava "desenhando" o novo arco ministerial. A demora, no entanto, se deu por uma mistura entre a dificuldade para fechar a nova Esplanada e um cálculo do presidente. Conforme o UOL apurou, o petista não queria mostrar que o governo está refém do Congresso. Como já havia prometido as pastas aos dois partidos — "acordo no fio do bigode", como gosta de repetir —, argumentava não ver necessidade para correr com as indicações.

Lula teve de escolher entre diminuir a participação feminina ou entregar o Bolsa Família. Sob críticas de apoiadores, evitou ao máximo demitir Ana Moser, meses após ter tirado Daniela Carneiro (União Brasil) do Turismo para colocar Celso Sabino (União).

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