Padilha: Bolsonaro não está politicamente morto e representa um movimento
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, não minimizou o alcance e força política do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em participação no UOL Entrevista hoje.
O que ele disse:
Padilha comparou a situação de Bolsonaro com a do ex-presidente dos EUA Donald Trump, e de países europeus que enfrentam o crescimento da extrema direita: "É a mesma coisa de alguém achar que o Trump estaria morto depois do que aconteceu nos Estados Unidos. E não está. Um país com uma democracia muito mais consolidada, continua apostando no Trump, no trumpismo".
"Nós estamos vendo isso na Europa, países que passaram por toda a situação, no ataque à democracia, por guerra, por todo o holocausto, dialogando, vendo lideranças que dialogam fortemente com o clima de pior, do nazismo, do fascismo", refletiu.
Eu não acho que ele está politicamente morto. Pelo contrário, ele representa, infelizmente, um movimento, do bolsonarismo, da extrema direita, que é um fenômeno não só do Brasil, mas do mundo como um todo. (...) Então, eu não acho que ele está morto, porque esse movimento existe.
Para Padilha, o objetivo é isolar cada vez mais essa parcela da política: "É colocar no canto que cabe a ela, na extrema direita, e nunca mais possa ter o papel de coordenar uma coalizão no país e assumir responsabilidades como assumiu".
Ministro defendeu punição caso crimes de Bolsonaro sejam comprovados: "Eu quero, não só do Bolsonaro, mas de qualquer ator político que, se tiver crime, que seja comprovado o crime, seja punido. A expectativa é sempre essa. Qualquer ator ou agente político".
Todas as figuras que se envolveram em crimes, a apuração tem que ser veemente, com muita força, respeitando instituições, buscando provas, e se tiverem provas, tem que ser punidos por isso.
8 de janeiro: quem participou tem que ser fortemente punido. "Temos que ser pedagógicos na apuração e na punição para que nunca mais se repita uma aventura como foi a aventura golpista no dia 8 de janeiro. Isso é pedagógico. Nós temos que ser firmemente reabilitados. Isso tem um peso muito importante na história".
Eu acho que a nossa legação tem que garantir isso. As instituições, a Polícia Federal, o Congresso Nacional, o Judiciário, o Executivo. Nós temos que garantir que quem participou, quem financiou, quem executou a aventura do golpe de 8 de janeiro, tem que ser fortemente punido.
Militares foram "contaminados pelo discurso de ódio"
"Todas as instituições foram contaminadas pelo golpismo": "Infelizmente, todas as instituições brasileiras, civis e militares, do Poder Executivo, do Judiciário, até da imprensa, foram contaminadas durante quatro anos pelo discurso da intolerância, do ódio, do golpismo que era feito pelo ex-presidente da república, infelizmente."
Eu acho que, sinceramente, cada vez mais as evidências, as investigações vão mostrando que tinham sim militares que aderiram ao discurso golpista, mas tiveram militares que rechaçaram. E isso precisa ser valorizado, e acho que aos poucos o ministro José Múcio vem fazendo um papel muito importante de recuperação do papel constitucional.
"Inclusive as instituições militares, as Forças Armadas reconhecem isso, os comandantes reconhecem isso. Infelizmente foram, em contaminação individual, em instituições civis também. Então acho que isso [desconfiança] existe em todas as instituições", disse.
Então, acho que tem um esforço de reabilitação através das instituições, de retomada. Acho que muita gente que apoiou as ideias do governo anterior, mudou de lado depois do dia 8 de janeiro, quando viram ao que levava essas ideias. Não eram apenas discursos, mas atitudes concretas.
O UOL Entrevista teve apresentação de Carla Araújo, com participação do colunista do UOL Josias de Souza.
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