Tales Faria

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Planalto acha esclarecedora delação de Cid sobre golpe, mas ficará de fora

O governo está festejando os primeiros resultados da investigação da Polícia Federal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado praticada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro diante da derrota eleitoral para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas a coluna apurou que a decisão do Palácio do Planalto é não tomar nenhuma atitude até que o caso seja totalmente apurado.

Segundo revelou o colunista do UOL Aguirre Talento, em um dos depoimentos que compõem a delação premiada que fechou com a Polícia Federal, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid relatou que, logo após a derrota no segundo turno da eleição, o então presidente recebeu das mãos do assessor Filipe Martins uma minuta de decreto para convocar novas eleições.

Talento conta na reportagem que, segundo Cid, Bolsonaro submeteu o teor do documento a militares de alta patente. O ajudante de ordens, que também é tenente-coronel do Exército, contou que o almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha, teria se manifestado favoravelmente ao plano golpista, mas não houve adesão do Alto Comando das Forças Amadas.

No governo, a delação está sendo considerada "preciosa", por esclarecer o envolvimento do ex-presidente e militares de alta patente nas articulações golpistas. Mas a ordem é aguardar por provas mais robustas antes de qualquer atitude, especialmente com relação aos militares.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, informou ao Planalto que os militares sob seu comando concordam com essa avaliação. As Forças Armadas também só pretendem agir se - e quando - forem "informadas oficialmente" sobre os fatos apurados.

"Creio que simplesmente devemos deixar a investigação fluir", foi o parecer do ministro da Justiça, Flavio Dino, a auxiliares do presidente Lula.

O presidente da República deve retomar nesta quinta-feira a Brasília, após ter participado da reunião da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Ele fez o discurso de abertura dos trabalhos e manteve encontros bilaterais com os presidentes dos EUA, Joe Biden, e da Ucrânia, Volodomyr Zelensky.

Lula já determinou a assessores que "tenham cuidado" para não atrapalhar as investigações da Polícia Federal. Tanto ele, como os articuladores políticos do governo já esperavam que Bolsonaro e militares de alta patente acabassem apontados como envolvidos nas articulações golpistas.

A ideia é deixar somente para o PT e partidos aliados manifestações políticas sobre o assunto.

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