Conteúdo publicado há 8 meses

Moraes ironiza notícias falsas sobre comunismo no Brasil: 'Dá Ibope'; veja

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes usou hoje a "ameaça comunista" no país — comumente usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores — como um exemplo para explicar o impacto do tema no eleitorado brasileiro.

O que aconteceu:

Moraes afirmou que o "comunismo dá muito ibope" ao citar uma notícia falsa, de que a Venezuela teria invadido o Acre e um "especialista" teria afirmado que isso era o comunismo. A declaração ocorreu durante um congresso internacional de direito e cidadania do TCESP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) nesta sexta-feira (6).

Impressionante como o comunismo dá Ibope, né? 99% das pessoas que falam nem sabem o que é comunismo. O 1% que sabe, sabe que não existe mais comunismo. A China é comunista, mas é mais capitalista do que nós. O Putin é o rei do comunismo? [Quando] você fala em comunismo, principalmente pessoas mais velhas, é um negócio... [Quando perguntadas] por que são contra tal coisa, [respondem]: 'Porque vão instalar o comunismo no Brasil'. Só que as pessoas passaram a acreditar.
Alexandre de Moraes, ministro do STF

O magistrado afirmou que, no mundo todo, atacar a democracia não dá mais ibope.

Não vamos falar: 'vamos fechar o Congresso', 'vamos dar um golpe'. Não. Vamos ser os grandes defensores da democracia, da liberdade. Não por outra coisa, passou a ser definida a liberdade sem limites. A liberdade de se fazer o que quiser. E vamos atacar um instrumento que garante a democracia, é o segundo pilar e grande pilar das democracias ocidentais: as eleições.
Alexandre de Moraes, ministro do STF

Moraes continuou afirmando que hoje "pega mal" falar que não terá eleições, já que não serão vistos como democratas, mas passaram a dizer que as eleições são fraudadas, mesmo que a declaração seja falsa. "Lá [nos EUA] se atacou o quê? O voto por carta. 'São fraudados' e 'houve fraude'. No Brasil se atacou a urna eletrônica. Se o voto aqui fosse no papel, ia atacar o papel. 'Tem que ser urna eletrônica'. Se o voto fosse por sinal de fumaça, iriam atacar o sinal de fumaça", disparou.

O ministro explicou que somente foi possível descredibilizar as eleições porque foi confundido, com ajuda das redes sociais, o que é a mídia séria com notícias falsas. Em meio à declaração, Moraes também brincou que se tirassem os celulares do Brasil, o país viraria uma nação de primeiro mundo. Os presentes no espaço riram.

Ele ainda citou os ataques aos membros do judiciário, incluindo ele próprio, e seus familiares.

Quem entende do assunto sabe que atacar o judiciário só, falar de uma instituição fica um pouco etéreo. Você tem que personificar e achar dentro da instituição um inimigo de carne e osso porque aí você personifica. No caso no Brasil foi carne, osso e sem cabelo. Um preconceito. Você personifica e você vai batendo, vai batendo porque dá ibope. É uma novela. Não existe novela que o vilão é uma instituição. Tem que ser uma pessoa.
Alexandre de Moraes, ministro do STF

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Para Moraes, a Constituição Federal deu todos os instrumentos para que as instituições, especialmente o Poder Judiciário, tivessem "independência e autonomia para reagir a esses ataques" à democracia.

Constituição e ataques

Ainda no evento, o ministro disse que desde a promulgação da Constituição de 1988, o Brasil vive "o maior período de estabilidade democrática de sua história republicana". Moraes apontou que, em 35 anos, talvez o Brasil, entre as maiores democracias, é o que mais sofreu ataques e teve problemas, mas eles foram superados em razão do "fortalecimento que a Constituição deu às suas instituições".

Moraes citou que o país sofreu ataques à democracia recentemente e afirmou que as instituições brasileiras conseguiram responder. "Tivemos eleição, tivemos posse, tivemos o dia 8 de janeiro [ataques aos poderes] e estamos aqui no dia 6 de outubro na democracia e no Estado de Direito, graças ao fortalecimento institucional de órgãos de Estado", declarou, completando que todas as instituições podem errar, já que são administradas por seres humanos.

Em razão desse fortalecimento institucional, disse o ministro, surgiu uma nova forma de ação: os ataques institucionais em conjunto com o uso das redes sociais.

O ministro declarou que os algoritmos das redes sociais também foram modificados para "ganhar o eleitor, transformar o eleitor em massa de manobra e, lamentavelmente, em um fanático político", criando bolhas que reproduzem discursos de ódio.

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É uma verdadeira lavagem cerebral. O algoritmo percebe o viés de interesse seu e, a partir disso, ele induz informações, no ataque à democracia o que nos interessa são informações políticas, vai induzindo e coloca uma série de informações verdadeiras que constroem uma narrativa e conclusão falsa. Deve-se conhecer a competência disso. É algo competente.
Alexandre de Moraes, ministro do STF

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