Conteúdo publicado há 11 meses

Dólares apreendidos pela PF são 'poupança', diz diretor de Abin a jornal

O diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Paulo Maurício Fortunato Pinto disse que os mais de US$ 171 mil — cerca de R$ 861,4 mil — apreendidos na casa dele pela Polícia Federal estavam em um cofre e são uma "poupança de família". Deu as declarações ao jornal O Globo.

O que aconteceu

Número 3 da Abin disse que dinheiro em espécie não estava escondido. Os US$ 171.800, segundo Fortunato, "é a poupança de uma família que tinha sonhos para a aposentadoria". O diretor acrescentou que ele mesmo abriu o cofre quando foi perguntado por agentes da PF "se tinha valores em espécie".

Fortunato afirmou que vai "colaborar plenamente" com as investigações. "Considero isso fundamental para um servidor que se dedicou por 38 anos a servir ao seu país", disse ao Globo. Ontem (22), o jornal mostrou que o diretor ocupa uma posição de confiança na Abin e é considerado por colegas como um "espião à moda antiga".

Diretor foi um dos alvos de uma operação na última sexta-feira (20). A PF investiga o uso irregular de um sistema de rastreio de celulares por servidores da Abin. Ao todo, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão em Brasília — incluindo contra Fortunato —, três em Santa Catarina, dois no Paraná, dois em São Paulo e um em Goiás. A ação foi autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Prisão de servidores

Dois servidores da Abin foram presos preventivamente. A investigação aponta que eles tinham conhecimento do uso da ferramenta, chamada FirstMile, pela Abin. Os dois também foram demitidos da agência no mesmo dia.

STF também determinou o afastamento de cinco diretores. Os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

FirstMile foi usado nos três primeiros anos do governo de Jair Bolsonaro (PL). O sistema era capaz de determinar a localização aproximada de alguém apenas digitando o número do celular. A ferramenta permitia rastrear até 10 mil pessoas por ano.

Há indícios de que a ferramenta da Abin era usada para monitorar jornalistas. No dia da operação da PF, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que o uso de uma instituição de Estado para perseguição política "é alvo gravíssimo".

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