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Defensora: Presos do 8/1 não têm tratamento pior; sistema é ruim para todos

Os presos pelos atos golpistas do 8/1 não estão recebendo tratamento pior que os outros, afirmou a defensora pública federal Letícia Torrano no UOL News desta sexta (24). Segundo Torrano, o sistema carcerário brasileiro "é um lixo para todos".

Nesta semana, um dos detidos do 8/1 morreu após passar mal no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Cleriston Pereira da Cunha, 46, teve um mal súbito durante o banho de sol, segundo informações da unidade prisional.

A gente não acha que eles estão tendo [tratamento] pior, até porque o sistema carcerário brasileiro é caótico. Essa questão de eles estarem piores não existe, eles estão muito ruins, como todo o restante da população brasileira. A gente não tem problemas de alimentação e saúde, a gente tem um sistema penitenciário caótico.

O que eu atribuo a se pensar que é pior: a maioria da população carcerária brasileira é uma população pobre e isso não é segredo para ninguém, e essa população com mais condições sociais vai sentir muito mais o sistema carcerário, que é um lixo para todos. Eles estão bem lá? Não. Eles não estão bem porque o sistema carcerário não permitiria nunca que eles estivessem bem, a não ser que eles fossem colocados em um presídio só para eles.

Perder a liberdade, ainda que em um lugar maravilhoso, não é bom. Você imagina em um local que não se preza tanto por higiene, não se tem uma boa alimentação e, em Brasília, ainda não é dos piores. Se pegarmos os outros estados brasileiros, temos uma situação muito mais caótica.

Temos, em cinco estados, unidades prisionais que estão na Corte Interamericana de Direitos Humanos, dada a sua catástrofe ainda maior. O sistema penitenciário é ruim, mas temos unidades [piores].

Preso morreu na Papuda

Cleriston foi preso em flagrante no Senado durante os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva e, de acordo com a Vara de Execuções Penais, recebia visitas da companheira e das duas filhas, que moram no Distrito Federal.

Ele também recebia atendimento médico. Nos autos, consta que ele tinha diabetes e hipertensão, fazendo uso de medicação controlada. Em maio, ele foi encaminhado ao Hospital Regional de Asa Norte, em Brasília.

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Cleriston foi denunciado pela PGR pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Ele se tornou réu após a denúncia ser aceita pelo STF, mas ainda não havia sido julgado pela Corte.

Em setembro, a PGR concordou com o pedido da defesa e defendeu a liberdade provisória de Cleriston mediante medidas cautelares, como uso de tornozeleira. O relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes, não chegou a avaliar o pleito.

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