Moro se 'acovardou' no TRE, diz advogado do PL; defesa do senador rebate

O advogado do PL e a defesa de Sergio Moro (União Brasil-PR), que tem as contas de pré-campanha avaliadas, apresentaram diferentes versões sobre o depoimento do senador ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná hoje. As declarações foram dadas à GloboNews.

O que aconteceu

Guilherme Ruiz Neto, advogado do PL, disse que Moro se "acovardou" ao não responder questões da acusação. Além do PL, advogados da federação Brasil da Esperança, formada por PT, PV e PCdoB, também participaram do depoimento.

"A questão é que os gastos [pré-eleitorais] foram tipicamente eleitorais e em benefício a Sergio Moro", acusou Ruiz Neto. "Se criou uma desvantagem em relação aos outros candidatos ao Senado", acrescentou.

Em resposta, a defesa de Moro disse que ele foi voluntariamente depor e que não respondeu a perguntas "políticas" da acusação. Gustavo Guedes, advogado de Sergio Moro, disse que o senador respondeu apenas aos questionamentos do juiz relator do caso.

Os gastos ilegais apontados pelo PL e pela federação estão "inflados", disse o advogado de defesa: "Tentaram trazer para o tribunal gastos típicos de campanha. Gastos com segurança e com fretamento de voos foram pagos pelo partido como a lei exige, e não foram individualizados", declarou Guedes.

Entenda acusações contra Moro

Para os partidos, Sergio Moro teve vantagem indevida na disputa pelo Senado. Na avaliação das legendas, a pré-campanha do ex-juiz à Presidência, com gastos de mais de R$ 2 milhões, deu a ele mais visibilidade em relação aos concorrentes pela vaga de senador — o que o ex-juiz nega e chama de "choro de perdedor".

O TSE permite que seja gasto em campanha para Senado R$ 4,4 milhões. Segundo a denúncia, Moro investiu mais de R$ 6 milhões na candidatura, juntando o dinheiro usado na pré-campanha presidencial.

Ao sair do depoimento, o senador chamou as acusações de "castelo de cartas".

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Essas ações são verdadeiros castelos de cartas", disse Moro. "Eles começam falando levianamente de caixa dois, que teria um monte de ilicitude. Nada disso foi comprovado, até porque nada disso existe. Todos os gastos que foram feitos são gastos declarados.
Sergio Moro, senador pelo Paraná

O que pode acontecer

O processo contra Moro está na fase da colheita de depoimentos. No dia 30 de novembro, o senador abriu mão do depoimento de Deltan Dallagnol, na condição de sua testemunha — hoje cassado, o ex-promotor chefiou a Operação Lava jato o e foi correligionário de Moro no Podemos.

Se o ex-juiz for condenado, a chapa será cassada e Moro ficará inelegível por oito anos. Em caso de condenação, o senador terá a possibilidade de recorrer ao TSE — em caso de absolvição, os partidos também podem recorrer à Corte superior.

Se houver cassação, serão convocadas novas eleições para senador no Paraná. O pleito suplementar deverá ser marcado após o final do processo.

Possíveis nomes de substitutos de Moro já ventilam no cenário paranaense. Entre eles estão o deputado bolsonarista licenciado Ricardo Barros (PP), a deputada Gleisi Hoffman (PT), o ex-senador Álvaro Dias (Podemos) e até a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL).

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