Lula faz reunião com Pacheco fora da agenda para tentar melhorar relação

O presidente Lula (PT) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se reuniram hoje fora da agenda para tentar azeitar a relação entre Planalto e Congresso neste segundo ano de governo.

O que aconteceu

Segundo pessoas ligadas ao Planalto, Lula pediu menos ruído entre os dois, ao passo que Pacheco apresentou as agendas prioritárias, incluindo pautas da oposição. O encontro foi agendado na última quinta (1º), durante a posse de Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça.

O Planalto avalia ter "levado uns sustos" por parte do Senado no final do ano passado. Já era esperado que a relação com a Câmara, liderada por Arthur Lira (PP-AL), fosse no fio da navalha; entretanto, na Casa comandada por Pacheco o governo tem mais apoio —embora não maioria—, e por isso a expectativa por menos obstáculos.

O encontro ocorreu logo depois de um discurso enfático de Lira na abertura do Ano Legislativo. O presidente da Câmara cobrou que o Planalto cumpra acordos.

Lula não participou da cerimônia, e o ministro Rui Costa (Casa Civil) levou a mensagem do governo. Segundo o Planalto, ele tradicionalmente não participa deste evento.

Azeitar relação

O encontro foi para reforçar a parceria entre Lula e Pacheco, além de um aceno do presidente ao senador mineiro, como apurou o UOL. O Planalto tem procurado se aproximar ao máximo do presidente do Senado, buscando que Casa seja um porto seguro no Congresso —menos influenciável do que a Câmara, onde o governo não consegue confiar na própria base.

A prioridade absoluta para o governo nesse primeiro semestre é a regulamentação da reforma tributária e o debate da reoneração das folhas de pagamento. A Câmara já deixou claro que pretende derrubar a proposta do ministro Fernando Haddad (Fazenda), apresentada no apagar das luzes de 2023.

Os dois trataram também sobre a visita de Lula a Minas Gerais, nesta semana. O presidente deverá participar do evento, na quinta-feira (8), que extraoficialmente lançará a pré-candidatura do deputado Rogério Correia (PT-MG) à prefeitura de Belo Horizonte, onde o PT costura uma parceria com o PSD, partido do atual prefeito Fuad Noman.

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Também está informalmente selada uma união entre os dois em Minas em 2026. Para as eleições estaduais, já está apalavrado o apoio de Lula a Pacheco, caso ele se lance ao governo do estado —qualquer acordo de boa relação neste momento tem isso no horizonte.

Relação estremecida

A relação entre governo e Senado está estremecida desde o ano passado, após o Executivo ter tido dificuldade de aprovar projetos prioritários. O próprio presidente do Senado chegou a alertar Lula sobre a eficiência da oposição na Casa.

O tema da desoneração da folha de pagamento ajudou a escalar a crise. O governo Lula negocia com Pacheco e líderes a solução para a cobrança do imposto, uma vez que editou uma Medida Provisória que autoriza a volta dos tributos.

Mais cedo, Pacheco se reuniu com o líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), para tratar sobre a tramitação dos projetos prioritários do grupo para este ano. Os senadores apresentaram a Pacheco uma lista de propostas em resposta às decisões do STF que resultaram em operações da PF contra parlamentares.

Marinho vai consultar amanhã os senadores do bloco de oposição sobre os temas de preferência. A oposição no Senado tem conseguido dificultar a vida de Lula em votações importantes, como nos destaques da reforma tributária que desidratariam o texto e em pautas anti-STF.

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