Governo recua e abre negociação sobre reoneração da folha salarial

Após recados de insatisfação no Congresso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com senadores para tentar chegar a um acordo sobre as propostas econômicas que interessam ao governo Lula.

O que aconteceu

O ministro mira o equilíbrio fiscal, por isso o governo teve de voltar atrás na medida provisória que retoma a cobrança de imposto na folha. Editada no final de dezembro, a MP que determina o desconto deixaria de valer. Um projeto de lei sobre o assunto tramitaria em regime de urgência.

Haddad vai levar a ideia para o presidente. A previsão é que Lula dê sua resposta até o final desta semana.

O acordo ainda precisa ser referendado pelo presidente da Câmara, deputado federal Arthur Lira (PP-AL). A reunião com os líderes da Câmara está marcada para depois do Carnaval.

Mas haveria sinalizações de que ele concorda com a solução. Parlamentares ouvidos pelo UOL disseram que Lira mencionou aceitar tratar da questão da reoneração por meio de um projeto de lei.

Os outros assuntos da medida provisória continuarão valendo. A lista inclui incentivo ao setor de eventos e desoneração para municípios.

O senador Efraim Filho (União-PB) ponderou que ficou acertada somente a forma de tratar da reoneração. Ele disse que a maneira como o imposto na folha voltará ainda não tem consenso. O parlamentar foi relator da proposta no Senado e crítico da medida editada pelo governo.

Congresso insatisfeito

A principal dificuldade de Haddad quanto a reoneração é controlar a insatisfação dos senadores. Eles se queixam do que chamam de desrespeito do Palácio do Planalto e falta de compromisso com os acordos.

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Com os deputados, a situação é ainda pior. Um encontro também estava previsto para hoje, mas o evento foi cancelado. O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), justificou mais cedo que muitos deputados estavam viajando, por isso a reunião seria adiada para depois do Carnaval. Segundo a Folha, houve pressão de Lira.

Alvo de críticas, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) participou da reunião de hoje com os senadores. Ontem, ele foi alvo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Outras queixas dos parlamentares são:

  • Isenção fiscal ao setor de eventos;
  • Vetos presidenciais a emendas de comissões no Congresso.

Climão com Lira

Enquanto procura apoio dos senadores, Haddad assiste ao presidente da Câmara esbravejar. Para ele, Padilha não cumpre acordos e vaza informações. Ontem, ambos participaram de uma cerimônia e Lira disparou indiretas contra o ministro.

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Haddad mantém bom diálogo com Lira e pauta econômica deve andar. Ele recebeu sinais de que as medidas fiscais terão apoio do centrão.

Ainda assim, a volta da cobrança de impostos sobre a folha de 17 setores tem causado divergências. Deputados e senadores aprovaram uma lei mantendo a isenção dos impostos. Lula vetou, mas eles derrubaram o veto. Eles dizem que foram desrespeitados pelo Planalto.

Haddad editou uma medida provisória recriando o desconto em folha. O incômodo foi tamanho que os senadores fizeram uma reunião em janeiro, no meio do recesso, para tratar do assunto. Só agora, eles começam a enxergar um acordo sobre como a proposta vai caminhar.

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