'Levaram meu telefone': o que dizem os aliados de Bolsonaro na mira da PF
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-comandante da Marinha Almirante Almir Garnier Santos relataram como foi a ação da Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (8). A operação apura a existência de uma suposta organização criminosa para manter Bolsonaro no poder.
O que aconteceu
Bolsonaro diz que está "sofrendo perseguição implacável", em entrevista à Folha de S.Paulo. "Me esqueçam, já tem outro governando o país." O ex-presidente afirmou que ainda está tomando conhecimento das buscas e apreensões e das prisões e que não poderia dar mais declarações. "Estou tentando entender, parece que é um novo inquérito", disse à colunista Mônica Bergamo.
Ex-presidente entregou o passaporte. O documento foi apreendido no início desta tarde, em Brasília. A informação foi confirmada pelo advogado de Bolsonaro, Paulo Bueno.
O auxiliar do ex-presidente Tercio Arnaud Tomaz voltará para Brasília e não manterá contato com investigados - o que foi pedido pelo próprio Bolsonaro, segundo Wajngarten. Tercio estava com o ex-presidente na casa de Bolsonaro em Mambucaba, Angra dos Reis (RJ), no momento da operação da PF. Tercio teve seu celular apreendido.
[Bolsonaro] Já determinou que seu auxiliar direto, que foi alvo da mesma decisão, que se encontrava em Mambucaba, retorne para sua casa em Brasília, atendendo a ordem de não manter contato com os demais investigados. Fabio Wajngarten, assessor do ex-presidente Bolsonaro
"Levaram meu telefone". Ex-comandante da Marinha no governo Bolsonaro e um dos alvos da operação, o Almirante Almir Garnier Santos se manifestou em nota dizendo que teve o seu aparelho apreendido e pedindo por orações. Ele ainda atribuiu a operação à situação política do país.
Em face à situação política de nosso país, fui acordado em minha casa hoje pela Polícia Federal. [...] Levaram meu telefone e papéis de projetos que venho buscando atuar na iniciativa privada. Peço a todos que orem pelo Brasil e por mim. Continuamos juntos na fé, buscando sempre fazer o que é certo, em nome de Jesus. Almirante Almir Garnier Santos, Ex-comandante da Marinha
Defesa de Valdemar: arma é de parente e foi esquecida em apartamento. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi preso em flagrante por posse ilegal de arma e pela descoberta de uma pepita de ouro em sua residência,
Como pode alguém ser detido por ser portador de uma pedra guardada há anos como relíquia e que segundo a própria auditoria da Polícia Federal vale cerca de 10 mil reais?
Defesa de Valdemar Costa Neto
Ex-ministros não se manifestaram. O UOL tentou falar com Augusto Heleno, Braga Netto, Anderson Torres e Paulo Nogueira, mas os ex-ministros do governo Bolsonaro na mira da operação ainda não se posicionaram.
Exército diz colaborar com a investigação. Em nota, o Centro de comunicação social do Exército diz que o órgão acompanha a operação e está "prestando todas as informações necessárias às investigações".
Como foi a operação
O coronel Marcelo Costa Câmara e Filipe Martins, ex-assessores de Bolsonaro, foram presos. A PF também prendeu Rafael Martins de Oliveira, major do Exército.
O ex-ministro Torres já responde no STF por suspeita de conivência e omissão com os atos de 8 de janeiro. Essa acusação fez ele ficar preso por quase quatro meses.
Como está a operação. A PF cumpre hoje 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares.
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Quero receberEntre as medidas cautelares, está a proibição de contato entre investigados, entrega de passaportes em até 24 h e suspensão do exercício de função pública. A PF cumpre os mandados no Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e Distrito Federal.
Como era atuação do grupo
Segundo a PF, o grupo se dividiu em núcleos para disseminar informações falsas sobre fraude nas eleições de 2022. A ação aconteceu antes mesmo do pleito para "viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital".
O primeiro eixo trabalhou para construir e propagar a versão de fraude nas eleições. O grupo espalhou mentiras sobre vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação. Segundo a PF, o discurso é repetido pelos investigados desde 2019 e continuou após a vitória do presidente Lula (PT).
O segundo eixo consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito por meio de um golpe de Estado. Segundo a PF, o grupo tinha apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.
UOL revelou que Bolsonaro recebeu minuta, segundo Cid
Em setembro de 2023, UOL revelou que Mauro Cid contou, em sua delação premiada, que Bolsonaro recebeu uma minuta de golpe preparada pelo então assessor internacional Filipe Martins, logo após perder as eleições para Lula.
Segundo a reportagem do colunista Aguirre Talento, na ocasião Cid também revelou aos investigadores que Bolsonaro consultou os comandantes das Forças Armadas sobre plano de golpe de Estado. A trama teve apoio do comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, e encontrou resistência dos comandantes da Aeronáutica e do Exército.
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