Infiltrados da Abin? Perguntas sem resposta sobre a investigação da PF

Investigação da Polícia Federal que culminou no cumprimento de 33 mandados de busca e apreensão na quinta (8) revela trocas de mensagens e vídeo envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e cúpula, em suposta organização por um golpe.

O que aconteceu

Delação de Mauro Cid trouxe detalhes dos bastidores. A PF chegou aos suspeitos por meio da delação premiada do ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, homologada em setembro do ano passado. Em documento de 135 páginas, decisão liberada pelo ministro do STF Alexandre Moraes pode abrir novos questionamentos sobre a ação dos envolvidos:

De onde saíram os R$100 mil? Ocorreram pagamentos? Em trecho da decisão, há um diálogo entre Cid e o major de Exército Rafael Martins, no dia 14 de novembro de 2022. A conversa foi para atender um pedido de R$ 100 mil para pagar transporte e estadia de manifestantes e "trazer pessoas do Rio", possivelmente, do Rio de Janeiro para Brasília.

Financiamento de empresários? Em outra conversa, no 16 de novembro de 2022, Cid envia um áudio "possivelmente para general Freire Gomes, pelo aplicativo Una, em que cita o financiamento das manifestações em Brasília, por empresários do 'Agro'". Quem são eles?

Como era feito o monitoramento de autoridades? A investigação aponta o coronel do Exército Marcelo Costa Câmara, assessor especial, como responsável por núcleo de inteligência não oficial da presidência. Em troca de mensagens com Cid, refere-se ao ministro Alexandre de Moraes como "professor" e, segundo a PF, tinha "itinerário exato de deslocamento". A PF não descarta ainda a possibilidade de outras autoridades estarem sendo monitoradas.

As circunstâncias identificadas evidenciam ações de vigilância e monitoramento em níveis avançados, o que pode significar a utilização de equipamentos tecnológicos fora do alcance legal das autoridades de controle

O que significa a "infiltração" da Abin? Na reunião de 5 de julho de 2022, o general Augusto Heleno, então Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, afirma que conversou com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para "montar um esquema para acompanhar o que os dois lados estão fazendo" e adverte o risco da informação ser vazada, de "acusação de infiltração desses elementos da Abin em qualquer dos lados". Bolsonaro então o interrompe, determinando que ele não prossiga e que posteriormente "conversem em particular".

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