Dois dias após reunião, Bolsonaro falou em live que convocaria embaixadores
Dois dias após dizer em reunião ministerial que pretendia convocar embaixadores, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou a convocação durante uma das suas tradicionais lives. O encontro acabou sendo realizado dias depois, em 18 de julho de 2022.
O que aconteceu
Bolsonaro disse que iria reunir com embaixadores para "tomar pé do que estava acontecendo". Fala foi durante a reunião em que se discutiu uma "dinâmica golpista".
Em seguida, Bolsonaro defende reunir integrantes da Comissão de Transparência Eleitoral. Ele delega a atividade ao então ministro Célio Faria Júnior, da Secretaria de Governo da Presidência da República.
O então presidente convocou os chefes de embaixadas estrangeiras em Brasília para uma reunião em 17 de julho. A reunião aconteceu no Palácio da Alvorada e levantou suspeitas infundadas sobre a segurança do processo eleitoral de 2022.
Moraes tirou sigilo e disponibilizou o vídeo da reunião. Antes, trechos da gravação, foram obtidos e divulgados com exclusividade pela coluna de Bela Megale, de O Globo.
Além de eu falar com embaixadores e pegar a missão pro [...] Célio, você vai ver todos que integram a comissão de Transparência Eleitoral, convidar todos, para semana que vem, a gente fazer uma reunião com o pessoal e eles tomarem pé do que tá acontecendo. Se bem que uns já sabem o que tá acontecendo, e fazer uma nota conjunta
Jair Bolsonaro, em reunião com ministros em 2022
Bolsonaro teve a ideia de produzir uma nota conjunta que diria que "a lisura das eleições são (sic) simplesmente impossíveis de ser (sic) atingidas". A ideia dele era de que o texto fosse assinado por integrantes da Comissão de Transparência do TSE, e que a nota fosse subscrita pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Gravação do dia 5 de julho de 2022 foi apreendida na casa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. Parte da transcrição está presente na decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes que embasou a operação de ontem, mirando a organização criminosa que atuou para tentar um golpe de Estado.
Moraes diz que a reunião "nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados que dela tomaram parte". Ele também diz que todos os participantes ajudaram a difundir mentiras no período eleitoral sobre o então candidato Lula (PT), o TSE e os ministros do STF.
Reunião com embaixadores
O encontro, realizado julho de 2022, teve ares de solenidade oficial. Na ocasião, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) falou mentiras sobre o processo eleitoral e as urnas eletrônicas.
Em seu pronunciamento, que durou pouco mais de 30 minutos, Bolsonaro falou especialmente sobre um inquérito aberto pela PF (Polícia Federal), em 2018, que apurou uma invasão cibernética aos sistemas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Desde que o presidente vazou esse documento em suas redes sociais, no ano passado, o TSE sustenta que o ataque hacker não levou risco à integridade das eleições naquele ano.
Reunião com embaixadores resultou na inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) por oito anos. Bolsonaro também foi multado pelo TSE em R$ 20 mil.
Entendimento é de que ele praticou propaganda eleitoral antecipada nas eleições de 2022. Ele foi acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação por usar a TV Brasil, uma emissora pública, para transmitir a reunião em que fez alegações mentirosas.
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