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Josias: Coragem de Bolsonaro é teatral; ele sempre foge dos depoimentos

A decisão do ministro Alexandre de Moraes em rejeitar um pedido da defesa de Jair Bolsonaro e manter o depoimento do ex-presidente para a próxima quinta-feira (22) é correta, mas ele pode ficar em silêncio já que sua coragem é teatral, disse o colunista Josias de Souza no UOL News da manhã desta terça-feira (20).

A decisão de Moraes, de manter o depoimento para quinta-feira, é correta, mas não interfere no direito constitucional de Bolsonaro de ficar em silêncio. Comparecendo ou não, Bolsonaro dispõe desse direito. A coragem de Bolsonaro é uma virtude muito teatral, a coragem dele costuma fugir em momentos em que ela é mais do que necessária.

Já aconteceu um caso semelhante em que Bolsonaro fugiu na hora H. Ele foi convocado pelo ministro Celso de Mello, em 2020, para prestar depoimento naquele inquérito em que Sergio Moro o acusava de tramar uma intervenção política na Polícia Federal. Celso de Mello determinou ao então presidente Bolsonaro que prestasse depoimento, com Bolsonaro dispondo da prerrogativa, como presidente, de escolher data, local e, se quisesse, prestar depoimento por escrito. Ele mesmo dizia que, por escrito, seria mais seguro, porque poderia dar a resposta sem titubear. Ao vivo, ele poderia titubear.

Ele foi empurrando com a barriga o comparecimento [ao depoimento], depois o Celso de Mello se aposentou e ele simplesmente não apareceu. A coragem de Bolsonaro é teatral, aparece em determinados momentos, mas na hora da onça beber água e dar sua versão para os crimes que lhe são imputados, ele sempre dá um jeito de fugir.

O que aconteceu

Na decisão, Moraes aponta que Bolsonaro, como investigado, pode optar por ficar em silêncio ou falar durante o interrogatório. No entanto, não cabe a ele decidir "prévia e genericamente pela possibilidade ou não da realização de atos procedimentais ou processuais durante a investigação criminal".

O ministro relembrou ainda que a defesa do presidente já teve acesso aos autos de todas as provas disponíveis, exceto aquelas que são necessárias para diligências em andamento.

Dessa maneira, não assiste razão ao investigado ao afirmar que não foi garantido o acesso integral a todas as diligências efetivadas e provas juntadas aos autos, bem como não lhe compete escolher a data e horário de seu interrogatório
Alexandre de Moraes, ministro do STF

Mais cedo, os advogados de Bolsonaro afirmaram ao ministro que querem acesso a todos os elementos da investigação da PF. Eles dizem que o ex-presidente não daria nenhuma declaração até que as informações dos autos sejam compartilhadas.

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Uso do silêncio."Dessa forma, em decorrência da falta de acesso a todos os elementos de prova, o peticionário opta, por enquanto, pelo uso do silêncio, não abdicando de prestar as devidas declarações assim que tiver conhecimento integral dos elementos", disse a defesa de Bolsonaro em petição protocolada nesta tarde.

Tentativa de golpe de Estado. O depoimento da próxima quinta-feira (22) busca ouvir Bolsonaro na investigação sobre a organização criminosa que teria buscado meios de executar um golpe de Estado para mantê-lo no poder.

Outros depoimentos. Além dele, também foram intimados a depor nesta semana outros alvos da operação que atingiu o núcleo duro bolsonarista, como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o ex-ministro e candidato a vice na chapa de Bolsonaro, general Braga Neto, e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

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