Carla Araújo

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Reportagem

Bolsonaro é intimado pela PF para falar sobre golpe, mas defesa quer adiar

A Polícia Federal intimou Jair Bolsonaro a depor no próximo dia 22 a respeito da tentativa de golpe de Estado. Na semana retrasada, o ex-presidente e militares integrantes do antigo governo foram alvos de uma operação da PF, por suspeita de tramarem um golpe para manter Bolsonaro na Presidência.

No início da tarde, a defesa de Bolsonaro pediu ao ministro Alexandre de Moraes que adie o depoimento neste momento. Os advogados alegam que não tiveram acesso a todo o material utilizado na investigação para embasar a defesa. É mencionado, por exemplo, conversas obtidas por meio da quebra de sigilo de aparelhos apreendidos no inquéritos.

"O acesso completo a esses elementos é crucial para que seja garantido o exercício do seu direito de defesa —e mesmo de resposta a público—, de maneira adequada e efetiva", afirma a defesa.

A defesa diz ainda que "já se passaram quase dez meses da primeira busca e apreensão dos aparelhos celulares, meses durante os quais o peticionário se viu não só atacado, mas também questionado com base em conteúdo de mídias às quais não teve acesso". "Por outras palavras, fica lançado a todo tipo de crítica e prejulgamento, sem condições mínimas de formalizar qualquer resposta, diante da cegueira que lhe foi imposta."

No Twitter, o advogado e assessor de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, afirmou que os advogados estão tomando "as devidas providências a fim de assegurar ao presidente toda a ampla defesa prevista constitucionalmente".

Outros alvos da operação como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-ministro e candidato a vice na chapa de Bolsonaro, general Braga Neto, também foram intimados a depor nesta semana.

Passaporte apreendido e dinheiro para os EUA

Bolsonaro foi alvo de busca e apreensão no último dia 8 e teve que entregar o seu passaporte à PF. O mandado foi autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Moraes determinou apreensão de documento de Bolsonaro e outros alvos da ação por risco de fuga. "Frustrada a consumação do golpe de Estado [...], identificou-se que diversos investigados passaram a sair do país, sob as mais variadas justificativas (férias ou descanso), como no caso do ex-presidente", disse Moraes na decisão.

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Na semana passada, Bolsonaro confirmou que enviou dinheiro para os Estados Unidos no fim de seu mandato e disse que "não é crime" efetuar esse tipo de transferência.

Dizia a nossa querida Polícia Federal que o último país do mundo onde um golpista, ditador enviaria dinheiro seria os Estados Unidos, porque é um país democrata, que respeita tratados. E esses recursos seriam imediatamente bloqueados
Jair Bolsonaro, ex-presidente

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