Senador que votou contra fim da 'saidinha' diz que PT cedeu à pressão

Um dos dois únicos a votar contra o projeto de lei que acaba com a saída temporária para os presos, Rogério Carvalho (PT-SE) disse que os senadores do PT cederam à pressão para apoiar a medida.

O que aconteceu

O texto foi aprovado ontem por 62 votos a 2. Além de Carvalho, o outro senador que votou contra foi Cid Gomes (PSB-CE). Ele, no entanto, não quis falar com a reportagem do UOL.

Para Carvalho, o governo foi desorganizado nas negociações. O senador afirmou ao UOL que a recente troca no comando do Ministério da Justiça dificultou o diálogo entre a bancada e o Palácio do Planalto. Ricardo Lewandowski entrou no lugar de Flávio Dino, que assume vaga no STF amanhã.

O senador disse ainda que os colegas de bancada cederam à pressão. Segundo Carvalho, as pessoas têm medo do linchamento virtual e de uma "visão populista e superficial, que é fácil de vender e contaminar o debate político".

Um dia após a aprovação do projeto, houve "climão" entre os governistas. Em conversas reservadas, admitem um certo "constrangimento" sobre como foi conduzida a votação de ontem. Sem reunião da bancada ontem, os petistas se reuniram hoje para registrar a nova liderança de Beto Faro. No encontro, evitaram falar sobre a aprovação da proposta.

Nenhum governista discursou no plenário contra o texto. Isso porque as bancadas do PT e do governo demoraram a liberar os parlamentares para votarem como quisessem.

Dos oito senadores da bancada, três votaram a favor do fim do benefício. São eles: Augusta Brito (CE), Beto Faro (PA), novo líder da bancada, e Fabiano Contarato (ES), até então líder do PT.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), se absteve de votar, apesar de estar no plenário. Consternado, admitiu a derrota e decidiu liberar a bancada do governo, uma vez que todos os partidos da base apoiaram o projeto.

A pauta foi defendida pela oposição. O relator foi o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O grupo já espera que haja uma reação do governo e que o presidente Lula (PT) vete a proposta.

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Contudo, o sentimento dos petistas é que seria um desgaste a mais para o governo —isolado, uma vez que todas as bancadas da base orientaram pela aprovação do projeto. A outra possibilidade seria judicializar e questionar a constitucionalidade da medida.

Essa segunda opção está sendo avaliada. Mas a ideia é que o questionamento não venha do governo nem do PT.

Existem políticos que são vela, que vão com o vento. Eu infelizmente e felizmente não sou desses.
Senador Rogério Carvalho (PT-SE), ao justificar seu voto contra mudanças na 'saidinha' dos presos

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