Ato pró-Bolsonaro tem trio com investigados pela PF; Hang e Castro não irão

Convocado como um evento para defender a democracia, o ato pró-Bolsonaro na avenida Paulista vai reunir alvos da Polícia Federal suspeitos de tentar um golpe de Estado.

O que é esperado

Suspeito de coordenar uma Abin paralela, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) estará presente. Ele é apontado pela PF como líder de um grupo que usava equipamento de espionagem para monitorar de forma ilegal adversários e desafetos de Bolsonaro.

O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) é outro investigado que estará no ato. Ex-líder da oposição na Câmara, é apontado como a liderança que ordenou o bloqueio de estradas depois da derrota de Bolsonaro nas eleições.

A PF encontrou mensagens de Jordy orientando manifestantes. Ele dialogava com Carlos Victor de Carvalho, que mais tarde foi alvo de um mandado de prisão e fugiu. Mesmo na condição de foragido, o suspeito permaneceu mantendo contato com o deputado.

Intimada pelo STF em pleno plenário da Câmara, Carla Zambelli (PL-SP) é outra parlamentar que vai ao ato. A deputada é ré desde o ano passado por ter sacado uma arma e perseguido um homem pelas ruas de um bairro nobre de São Paulo.

A vítima era um apoiador de Lula, e o episódio ocorreu na véspera do segundo turno. Zambelli já tinha sido procurada duas vezes para receber a intimação e não fora localizada. Depois do episódio no plenário, ela está ciente que deve apresentar defesa no processo.

Presente na reunião usada como uma das justificativas para a operação da PF sobre a tentativa de golpe, o deputado Filipe Barros (PL-PR) também vai à Paulista. O encontro citado pela Justiça reuniu ministros e aliados mais próximos do ex-presidente e nele foram feitas várias declarações de sentido golpista.

O deputado Ramagem é suspeito de operar uma Abin paralela a mando de Bolsonaro
O deputado Ramagem é suspeito de operar uma Abin paralela a mando de Bolsonaro Imagem: Foto: Carolina Antunes/PR

Barrados no baile

A lista de presenças enroladas em investigações poderia ser maior. Ex-ministros, assessores e militares de alta patente não podem comparecer porque estão proibidos de se encontrarem com Bolsonaro.

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O motivo é que esses aliados do ex-presidente também estão no inquérito que apura a suposta tentativa de golpe. O ministro do STF Alexandre de Moraes proibiu que eles se falem para evitar que combinem versões.

A decisão inclui o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Ele foi o cacique político que filiou Bolsonaro na tentativa de reeleição e ambos trabalhavam no mesmo prédio em Brasília.

A relação de pessoas impedidas de visitar Bolsonaro também inclui militares. O general Braga Netto foi ministro e candidato a vice de Bolsonaro. O general Heleno era ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).

Presidente do PL, Valdemar Costa Neto está proibido pela Justiça de comparecer ao ato
Presidente do PL, Valdemar Costa Neto está proibido pela Justiça de comparecer ao ato Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Ausência espontâneas

Alguns aliados que foram muito próximos de Bolsonaro não estarão em São Paulo neste domingo. A lista inclui empresário e políticos que obtiveram ganhos eleitorais se vinculando ao ex-presidente.

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É o caso do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). Ele estará em viagem a Lisboa, onde participa de uma feira de turismo e reunião com a TAP, empresa aérea portuguesa.

Vice-presidente na gestão Bolsonaro, Hamilton Mourão não planeja comparecer. A informação da assessoria dele é de que, no momento, a decisão é faltar ao ato. Mas foi levantada a possibilidade de mudança de ideia.

Presença constante nas agendas de campanha e lives de Bolsonaro, Luciano Hang não vai. O dono da Havan afirmou que se afastaria da política no término do segundo turno das eleições de 2022.

Depois da derrota de Bolsonaro nas eleições, Hang disse que se afastaria da política
Depois da derrota de Bolsonaro nas eleições, Hang disse que se afastaria da política Imagem: Reprodução/Facebook

Lista de aliados ausentes

  • Luciano Hang, empresário e apoiador de Bolsonaro em 2022
  • Damares Alves (Republicanos-DF), senadora
  • Gladson Cameli (PP), governador do Acre
  • Antonio Denarium (PP), governador de Roraima
  • Onyx Lorenzoni, ex-ministro da Casa Civil
  • Cláudio Castro (PL), governador do RJ
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Dúvidas

O ex-juiz Sergio Moro, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, ainda não se pronunciou. Questionado pelo UOL sobre a presença no ato, ele respondeu que não se manifestaria.

Um dos filhos do ex-presidente também é dúvida: Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador do Rio de Janeiro.

O senador Sergio Moro não respondeu se vai ou não ao ato
O senador Sergio Moro não respondeu se vai ou não ao ato Imagem: Pedro França/Agência Senado

Quem vai

Quatro governadores aliados do ex-presidente estarão na Paulista: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina.

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Todos terão direito a discursar, segundo organizadores do evento. Mas a decisão de falar com o público caberá a cada um deles.

Para o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), o evento é uma encruzilhada. O chefe do Executivo paulistano espera contar com o apoio de Bolsonaro na campanha para a reeleição —a presença de Nunes é dada como importante para a manutenção da parceria. Aliados, entretanto, desaconselharam a participação.

A realização do ato foi decidida no carnaval durante uma conversa de Bolsonaro com o pastor Silas Malafaia
A realização do ato foi decidida no carnaval durante uma conversa de Bolsonaro com o pastor Silas Malafaia Imagem: Reprodução/Facebook

O ato foi convocado por Bolsonaro após a operação da PF —que o investiga pela participação na tentativa de golpe de 8 de Janeiro. O ex-presidente teve seu passaporte apreendido pela Polícia Federal, mas alega inocência e vê no ato uma forma de engajar seus aliados.

O evento está sendo financiado e organizado por Silas Malafaia. O líder religioso contratou dois trios elétricos e é responsável pela organização da manifestação na Paulista. Malafaia estará no ato e deve discursar.

A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, deve fazer uma oração de abertura. O assessor do ex-presidente, Fábio Wajngarten, e o deputado federal Zucco (PL-RS) também organizam a manifestação e vão marcar presença.

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Quem vai estar no ato, segundo organizadores

  • Silas Malafaia, pastor e financiador do evento
  • Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama
  • Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo
  • Jorginho Mello, governador de Santa Catarina
  • Ronaldo Caiado, governador de Goiás
  • Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais
  • Ciro Nogueira, ex-ministro da Casa Civil
  • Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente
  • Flávio Bolsonaro (PL-RJ), senador
  • Jorge Seif (PL-SC), senador
  • Marcos Pontes (PL-SP), senador
  • Carlos Portinho (PL-RJ), senador
  • Magno Malta (PL-ES), senador
  • Marcos Rogério (PL-RO), senador
  • Luis Carlos Heinze (PP-RS), senador
  • Izalci Lucas (PSDB-DF), senador
  • Nikolas Ferreira (PL-MG), deputado federal
  • Carla Zambelli (PL-SP), deputada federal
  • Bia Kicis (PL-DF), deputada federal
  • Pastor Marcos Feliciano (PL-SP), deputado federal
  • Altineu Côrtes (PL-RJ), deputado federal líder do PL na Câmara
  • Mário Frias (PL-SP), deputado federal
  • Gustavo Gayer (PL-GO), deputado federal
  • Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), deputado federal

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