Boulos e Tabata pedem que Nunes seja investigado após reportagens do UOL

Os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) protocolaram nesta segunda (4) pedidos para que o Ministério Público de São Paulo investigue o prefeito Ricardo Nunes (MDB) por causa de possíveis irregularidades reveladas por reportagens do UOL. Os três são pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo. O partido de Boulos também protocolou na Câmara, junto com o PT, um pedido de abertura de CPI.

O que aconteceu

Na sua representação, Boulos pede que o MP determine o afastamento preventivo do secretário de Infraestrutura do município. Marcos Monteiro é responsável pela assinatura dos contratos sob suspeita. O pedido do pré-candidato à prefeitura pelo PSOL tem o objetivo de que sejam investigados os processos administrativos do órgão e a atuação das empresas contratadas pelo município.

Já o pedido de investigação de Tabata aponta quatro supostos delitos cometidos. São eles:

  1. Contratação direta ilegal, pelo formato das licitações impedir igualdade na concorrência.
  2. Corrupção passiva, pela possibilidade de haver servidores públicos beneficiados pela situação de forma ilegal.
  3. Organização criminosa, em função de vários funcionários da prefeitura estarem envolvidos nas contratações.
  4. Lavagem de dinheiro, pela hipótese de Nunes ter ocultado a origem dos valores resultantes de eventuais vantagens obtidas.

Não há prazo definido para que o MP retorne às solicitações.

Tabata ainda diz que Nunes poderia ter contratado uma empresa para fazer todas as obras emergenciais. Além disso, ela afirma que o fato de três empresas beneficiadas pelo sistema serem controladas por uma mesma família representa "um elemento de desconfiança" em relação à situação revelada pelo UOL.

As bancadas do PT e do PSOL na Câmara protocolaram um pedido de abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar Nunes. "O prefeito escancara sua corrupção na cara da cidade", disse a líder do PSOL na Câmara, Elaine do Quilombo Periférico. O vereador Rodrigo Goulart, líder do PSD, afirmou que as obras, em princípio, respeitam critérios técnicos. Os demais líderes na Câmara não reagiramà reportagem do UOL até a noite de segunda.

O que mostrou a reportagem

Gestão de Nunes tem 223 de 307 obras emergenciais com indícios de combinação de preços entre empresas concorrentes, revelou reportagem publicada hoje. Feitas sem licitação, essas obras somam R$ 4,3 bilhões — ou 87% do total contratado emergencialmente desde 2021.

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Prefeito é o que que mais gastou com obras sem licitação em 14 anos. A informação foi levantada pelo Tribunal de Contas do Município e consta em reportagem publicada em novembro — que também foi citada no pedido de investigação feita por Tabata. A maioria dos contratos tenta resolver problemas antigos da cidade.

Folha de S.Paulo também é citada no pedido de investigação de Tabata. No texto, a deputada menciona reportagem do jornal que apontou um contrato sem licitação fechado pela prefeitura para realização de obras de contenção na região de Parelheiros, zona sul. Nesse caso, o dono da empresa é padrinho da filha de Nunes.

O UOL procurou o prefeito Ricardo Nunes na semana passada, mas seu gabinete informou que as respostas seriam dadas pela Secretaria de Infraestrutura. À reportagem, Marcos Monteiro se disse surpreso com a descoberta e afirmou ter solicitado uma avaliação do caso pela área técnica.

O que disseram

A denúncia do UOL é muito grave e aponta um esquema de superfaturamento e corrupção na gestão Ricardo Nunes que não tem precedentes na história de São Paulo. Nós já denunciamos esse absurdo ao Ministério Público no ano passado, e denunciamos novamente hoje após as descobertas da reportagem. Essa é só a ponta do iceberg: o próprio compadre de Nunes, Pedro José, já foi beneficiado com contratos emergenciais sem licitação. O prefeito Ricardo Nunes precisa se explicar à população paulistana.
Guilherme Boulos (PSOL), deputado federal e pré-candidato à prefeitura

É um escândalo! Um dos maiores casos com indício de corrupção envolvendo um prefeito na história recente do Brasil. É preciso que o Ministério Público investigue esses contratos e descubra para onde foi esse dinheiro todo. O direcionamento de contratos públicos superfaturados é o clássico da cartilha da corrupção. Não é possível que esse absurdo fique sem uma resposta das autoridades
Tabata Amaral (PSB), deputada federal e pré-candidata à prefeitura

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Os valores das obras suspeitas somam R$ 4,3 bilhões, que representam 87% do total contratado emergencialmente. São Paulo precisa de ética e gestão!
Marina Helena, economista e pré-candidata do Novo à prefeitura

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