Bolsonaro entra em campo, e Tarcísio deve trocar o Republicanos pelo PL

Tarcísio de Freitas deve atender um pedido de Jair Bolsonaro e trocar de partido em breve. Eleito pelo Republicanos, o governador de São Paulo está acertando sua filiação ao PL, partido do ex-presidente.

O que aconteceu

As conversas foram intermediadas por Bolsonaro. Tarcísio abriu as portas do Palácio dos Bandeirantes para o padrinho político e foi anfitrião do ex-presidente no final de semana da manifestação bolsonarista na avenida Paulista, em São Paulo, no dia 25 de fevereiro.

Apesar de as negociações serem antigas, o UOL apurou que quase a filiação foi anunciada no ato na Paulista. A situação demonstra como o final de semana que Bolsonaro passou com Tarcísio foi importante para a aproximação do governador com o PL. Na ocasião, o governador rasgou elogios ao ex-presidente.

Mais parlamentares estariam dispostos a acompanhar Tarcísio na migração. O movimento não poderia ocorrer agora porque haveria risco de perda de mandato, mas seria materializado durante a janela partidária, a partir do dia 7 de março.

Quatro deputados federais teriam sinalizado deixar o Republicanos. O partido também perderia uma vaga de senador, que acompanharia o governador na ida para o PL num segundo momento.

Houve possibilidade de a filiação de Tarcísio ao PL ser anunciada no ato em São Paulo
Houve possibilidade de a filiação de Tarcísio ao PL ser anunciada no ato em São Paulo Imagem: Reprodução de vídeo - Youtube/Silas Malafaia Oficial

Presidente do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP) disse desconhecer o assunto. "Não fui comunicado pelo mesmo", respondeu por WhatsApp ao UOL quando questionado sobre a saída de Tarcísio. Ele parou de responder em seguida.

O governador já havia ameaçado deixar o Republicanos recentemente. Ele se irritou com o partido em janeiro por causa da possibilidade de o estado de São Paulo ficar de fora da obra do túnel que vai ligar Santos ao Guarujá.

Pereira entrou em ação e incluiu o governo do estado no projeto. Isso deu uma sobrevida a manutenção de Tarcísio na sigla. O ministro dos Portos e Aeroportos é Silvio Costa Filho, também filiado ao partido, o que aumentou a reclamação.

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A equipe de Tarcísio foi procurada e não se manifestou. O texto será alterado caso ocorra pronunciamento do governador.

Republicanos aguarda manifestação de Tarcísio

O UOL apurou que Tarcísio não comunicou ao Republicanos qualquer intenção de sair. Ele teria inclusive debatido o cenário da eleição municipal deste ano em encontro na quinta-feira da semana passada com o presidente do partido em São Paulo.

Sanada a situação do túnel entre Santos e Guarujá, nenhuma queixa ocorreu. Diante deste cenário, o Republicanos ficou com o último posicionamento do governador, de ficar na sigla.

Os caciques do partido percebem uma acentuada pressão de Bolsonaro sobre Tarcísio. O ex-presidente estaria agindo de forma incisiva há algum tempo e tornando cada vez mais difícil a situação do governador.

A expectativa é que ele acabaria indo embora, mas mais adiante e em outro cenário. Mudar agora significaria abraçar o bolsonarismo no momento em que seu líder é emparedado por investigações da Polícia Federal. A opção descarta reerguer a direita depois de uma eventual prisão do ex-presidente.

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Sobre a ida dos deputados para o PL, o Republicanos não trabalha com esta hipótese. Justifica que existem mecanismos para impedir a migração e eles serão exercidos em caso de tentativa de deixar o partido.

Entrada no governo aumentou insatisfação

O alinhamento do Republicanos com o governo Lula é apontado como principal motivo para a troca de partido. Silvio Costa Filho entrou no Ministério dos Portos e Aeroportos no ano passado.

A situação incomodou deputados do Republicanos identificados com o bolsonarismo. Além do cargo na Esplanada dos Ministérios, foi identificada maior entrega de votos ao Planalto.

O primeiro a migrar foi Zucco (PL-RS). O deputado fez carreira militar e estudou com Tarcísio. Ele deixou o Republicanos em dezembro do ano passado e esteve com Bolsonaro em vários momentos desde então, incluindo na organização do ato em São Paulo.

Nesta terça, o parlamentar e o ex-presidente estão juntos no Rio Grande do Sul. Eles participam de uma feira agrícola na cidade de Não-Me-Toque.

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