Conteúdo publicado há 2 meses

'Não é desprezando Bolsonaro que vamos vencer o bolsonarismo', diz Gleisi

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou ser preciso mostrar o impacto da extrema direita na democracia para "vencer" o bolsonarismo. Em entrevista à CNN Brasil neste sábado, ela também voltou a criticar Campos Netto, presidente do BC, e a defender o o nome de Lula em 2026.

O que Gleisi disse

A deputada afirma que Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores "ideologizam" a opinião pública. Para a petista, existe uma "disputa política das ideias na sociedade". E diz haver um problema na comunicação do PT.

Não precisamos ir só para a linha ideológica, mas para politizar, explicar quem ele é, o que significa Bolsonaro, o que é a extrema direita, que impacto tem para a democracia, para a vida das pessoas. Temos que começar a enfrentar isso, não ter medo e não achar que, desprezando o Bolsonaro, nós vamos vencer o bolsonarismo.

Gleisi diz que a esquerda "não vai abandonar as ruas" após o ato de Bolsonaro na avenida Paulista, em São Paulo (SP), no dia 25 de fevereiro. Para ela, a disputa de mobilizações deve ser decidida nas urnas.

O resultado das urnas basta. O PT ganhou. [Bolsonaro] devia fazer uma reflexão profunda sobre isso e se envergonhar. O primeiro presidente a perder uma reeleição, mesmo dizendo que tem um batalhão.

Eleições 2024

Sobre as eleições municipais, Gleisi afirmou que não há uma orientação do PT para que haja candidatos do partido em todos os municípios.

[Nosso foco são] os municípios que têm mais de 100 mil eleitores, são 213. Nós já temos 87 candidaturas definidas, e grande parte em processo de definição.

[Nossa principal estratégia é] o PT lançar candidatos onde tem condições de disputar. Onde não tiver, escolhemos o melhor aliado que tenha para apoiar. Não adianta lançar candidato para marcar posição, nós não estamos mais nesse processo.

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Eleições 2026

A deputada também afirmou que Lula é o nome do PT para as próximas eleições presidenciais — Bolsonaro está inelegível até 2030.

Lula é o nosso candidato à reeleição. Nós temos polos hoje no Brasil. Temos a extrema direita estruturada e um campo democrático, progressista, popular, que precisa estar alinhado e que eu não vejo outro nome hoje com capacidade de disputar.

Questionada sobre quem seria o principal adversário de Lula nas urnas em 2026, Gleisi não cravou um nome. "É a extrema direita, eu não sei quem que eles vão escolher de candidatura, mas é eles", afirmou.

Relação com Marta Suplicy

Gleisi reconheceu o papel da ex-prefeita no PT, partido ao qual ela retornou neste ano, mas relembrou o apoio dela ao impeachment de Dilma Rousseff.

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Ela teve uma importância muito grande na construção do PT e na construção do movimento feminista. Naquele momento do impeachment da Dilma, ela se equivocou e eu fui uma das pessoas que a cobraram publicamente, politicamente, mas eu acho que também ela reavaliou, viu o que estava acontecendo e se reposicionou na política.

A Marta tem um legado muito importante na cidade de São Paulo. Ela é considerada uma das melhores prefeitas da história da cidade, os projetos, os programas que ela fez, a interlocução com a periferia. É importante ela votar ao PT e estar na vice de Boulos.

Críticas a Campos Netto

Para a deputada, o presidente do Banco Central ainda adota uma política de juros "equivocada" e não deveria articular a autonomia do BC no Congresso.

Nós temos uma inflação de 4 e poucos por cento, juros de mais de 11 por cento, o Brasil não cresceu mais por conta disso, não fez investimento. O que ele está esperando para isso? Então, termina quieto o seu mandato, entendeu? E baixa a bola. Mas não fica articulando com o Congresso uma proposta dessa.

O governo não vai intervir, mas a política monetária tem que ser discutida também, não pode ser monopólio só do Banco Central. Todo o esforço feito pelo ministro Fernando Haddad e pelo presidente Lula, e aí o Banco Central joga isso fora por conta de uma política de juros descolada da realidade?

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Falas de Lula sobre Israel

Para Gleisi, o presidente Lula acertou ao criticar a postura do governo israelense na guerra contra o Hamas. Na opinião da deputada, o petista agiu de forma "contundente".

Ele chamou o mundo de novo a reflexão, ele botou o assunto na ordem do dia, tanto que os Estados Unidos já está se posicionando, já está puxando o assunto para tentar terminar esse conflito. Eu acho que ele agiu de maneira correta.

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