Conteúdo publicado há 7 meses

Bolsonaristas reagem após veto de Lula a saidinhas: 'Festa nos presídios'

Bolsonaristas reagiram a veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a saidinhas temporários de presos, que havia sido aprovada pelo Congresso. Ao vetar a proposta, Lula permitiu que presos em regime semiaberto tenham direito a deixar a prisão em datas comemorativas para visitar familiares, sempre com tornozeleira eletrônica.

O que aconteceu

Presidente acatou a recomendação do ministro da Justiça. Ricardo Lewandowski argumentou publicamente a "dignidade humana" para sugerir o veto a Lula, mas, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o governo, na verdade, teme uma rebelião de facções criminosas nos presídios caso esse benefício, concedido desde 1984, seja derrubado.

Eu gostaria de comunicar que o Ministério da Justiça e Segurança Pública, depois de se debruçar sobre o Projeto de Lei 2.153, de 2022, recentemente aprovada pelo Congresso, decidiu sugerir um veto pontual por razões de inconstitucionalidade. Nós entendemos que [a saidinha temporária para presos em regime semiaberto] atenta contra valores fundamentais da Constituição, o princípio da dignidade da pessoa humana, o princípio da individualização da pena e na obrigação do Estado que tem de proteger a família. Ricardo Lewandowski, em pronunciamento público

Reação nas redes sociais e tom de revolta. Bolsonaristas e outros opositores rebateram o movimento feito pelo governo e, alguns deles, prometeram derrubar o veto no Congresso Nacional.

Festa nos presídios! Como esperado, lula vetou o fim das saidinhas de presos em feriados.Perdem as vítimas, vencem os bandidos! Com base na dignidade da pessoa humana, vamos trabalhar para derrubar o veto de lula no Congresso! Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)

Lembro a você que, além das fugas, há ainda criminosos que aproveitam esse período para cometer crimes. Um desses chegou a matar um PM em Minas Gerais que, infelizmente, veio a falecer, deixando sua esposa e sua bebê. Vamos pra cima derrubar esse veto! Deputado federal Kim Kataguiri (União-SP)

Derrubaremos o veto do Lula. O Brasil quer o fim das saidinhas. Fim de favorecer vagabundo. Por Roger Dias e tantos outros que sofreram por esse benefício. Deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG)

Derrubaremos o veto! Lula veta projeto, mantém saidinhas de presos e não esconde de que lado está. O Brasil não aguenta mais! Deputada federal Amália Barros (PL-MT)

Todos que apoiam isso e fizeram o L são cúmplices disso! Nunca se esqueça que vocês terão sangue nas mãos de cada inocente assassinado por um marginal que será beneficiado por esse veto! Deputado estadual Gil Diniz (PL-SP)

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Projeto foi aprovado pelo Congresso

O projeto sobre o fim da saída temporária de presos foi aprovado no Congresso no fim de março, em votação simbólica, ou seja, sem o registro nominal dos votos. Governistas admitiram a derrota logo cedo na sessão que sacramentou a aprovação na Câmara, mesmo sendo contra a proposta.

Lula usou base jurídica para vetar trechos. A inconstitucionalidade é vista como a justificativa mais eficiente para derrubar partes do projeto: ninguém pode culpar o presidente se o PL não está de acordo com a legislação vigente, argumentam os governistas.

O veto parcial tem sido uma estratégia recorrente do governo. A alternativa é vista como uma forma de agradar "aos dois lados", além de fazer com que os itens vetados sejam analisados um a um pelo Legislativo. O veto total não tem essa característica, podendo ser derrubado em apenas uma votação. Ainda não há data para ocorrer essa análise, embora uma nova sessão do Congresso esteja prevista para o dia 18.

Embate no governo

Lewandowski tem um histórico contra a política de encarceramento. Ele implantou as audiências de custódia em até 24 horas depois da prisão, quando foi presidente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

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Já os mais pragmáticos argumentavam que um veto pode se tornar mais uma derrota no Congresso. Esse argumento veio principalmente de lideranças do governo nas duas Casas Legislativas e dos ministros palacianos Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil).

Eles consideram que, embora correto, o veto será derrubado. Além disso, se é inconstitucional, que se deixe a bola com o Supremo e se evite mais um embate com os parlamentares. Mas não veem colar esse argumento no atual cenário. No Congresso, o possível veto, mesmo que jurídico, já é visto como "ideológico".

O que diz o projeto

O relatório aprovado altera a Lei de Execução Penal e acaba com o benefício que prevê saída temporária de presos em feriados e datas comemorativas. Atualmente, a legislação prevê que as "saidinhas" sejam autorizadas a detentos do regime semiaberto para:

  • visitas à família;
  • cursos profissionalizantes, de ensino médio e de ensino superior;
  • atividades de retorno do convívio social.

No entanto, o texto aprovado exclui duas possibilidades —visitas à família e atividades de retorno do convívio social— e mantém apenas a possibilidade para estudos externos. A medida vale desde que sejam cumpridas as exigências previstas na lei. Lula vai manter as visitas às famílias.

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A proposta prevê ainda a realização de exame criminológico para a progressão de regime, além do uso de tornozeleira eletrônica em presos dos regimes aberto e semiaberto.

Outra mudança feita pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e aceita por Derrite amplia a proibição da saída temporária para aqueles que praticaram crimes com violência ou grave ameaça. Atualmente, o benefício é negado apenas para presos que cometeram crimes hediondos com morte.

Segundo a legislação atual, os presos com direito à "saidinha" têm de cumprir alguns critérios, como:

  • estar em regime semiaberto;
  • ter cumprido pelo menos 1/6 da pena, se for réu primário;
  • ter cumprido pelo menos 1/4 da pena, se for reincidente;
  • ter bom comportamento no presídio.

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