Delgatti publicou decisão falsa para soltar líder do CV em invasão ao CNJ

A denúncia apresentada ontem pela PGR contra a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti mostra que os dois publicaram um documento falso no sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para soltar um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho.

O que aconteceu

PGR diz que, sob comando de Zambelli, Delgatti entrou no sistema do CNJ e publicou um alvará falso em favor de Sandro Silva Rebelo. Conhecido como Sandro Louco, ele é apontado como um dos chefes do CV, e responde por homicídio, formação de quadrilha, latrocínio, sequestros e roubo. Somadas, as penas passam de 200 anos de prisão.

Sandro continua preso, mas o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ponderou que, como o documento estava público, "poderia ter alcançado o efeito da soltura de sentenciado a duas centenas de anos de reclusão".

Delgatti expediu ao menos nove alvarás falsos em invasão ao CNJ, como mostrou o UOL em reportagem de agosto de 2023. Além de Sandro, também seriam beneficiados acusados de integrar facção criminosa, de lavagem de dinheiro relacionada ao tráfico de drogas e de participar de uma quadrilha de roubos de carros.

Também a mando de Zambelli, o hacker expediu um mandado de prisão falso contra Alexandre de Moraes assinado pelo próprio ministro do STF. Delgatti confessou a participação e disse ter recebido dinheiro da deputada. À época, Zambelli negou qualquer relação com a invasão do CNJ e disse ter contratado o hacker para reformular suas redes sociais.

Delgatti já era conhecido por ter revelado mensagens de integrantes da força-tarefa da Lava Jato. O caso ficou conhecido como "Vaza Jato", em 2019.

PGR denunciou Zambelli por invasão de dispositivo de informática e falsidade ideológica. A defesa da deputada disse ter recebido a denúncia "com surpresa", "já que inexiste qualquer prova efetiva".

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