Agente buscou nome de pai de Marielle, diz PF; Polícia Civil do RJ contesta

O inspetor da Polícia Civil do Rio de Janeiro Renato Machado Ferreira buscou o nome do pai de Marielle Franco no sistema interno da corporação, diz a Polícia Federal. Em nota, a PC-RJ contestou a informação e disse que se tratava de um homônimo.

O que aconteceu

Busca foi feita em 21 de fevereiro de 2018, três semanas antes do assassinato de Marielle. A informação consta em um relatório da PF enviado ontem ao STF, para detalhar a investigação que culminou na prisão dos suspeitos de serem os mandantes do assassinato da vereadora. O motorista Anderson Gomes também foi morto no dia 14 de março de 2018.

Inspetor confirmou, em depoimento, que procurou pelo nome do pai da ex-vereadora. Ainda segundo a PF, o inspetor Ferreira afirmou que não se lembrava do motivo da busca ou do nome do parente de Marielle. Ferreira foi ouvido pela DHC (Delegacia de Homicídios da Capital) em audiência realizada em 9 de abril de 2018.

Polícia Civil diz que agente buscou por homem com o mesmo nome, mas que não era o pai de Marielle. "O servidor realizou pesquisa relacionado a um inquérito investigado por ele, no qual o pai da pessoa que figurava como autora seria um homônimo do pai da vereadora", afirmou a corporação em nota. "É importante reforçar que não se trata da pesquisa citada na matéria, e sim, de um homônimo".

Agente é suspeito de ligação com milicianos

Ferreira estava lotado na Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos, em Pedra de Guaratiba, no Rio, quando prestou depoimento. Segundo a PF, o bairro fica em uma região que a DHC apontou como local de disputa fundiária pela milícia. O relatório final da CPI das Milícias na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), entregue em 2008, apontou indícios de que milicianos pagavam propina a policiais da delegacia onde Ferreira trabalhava.

Investigações não andaram, e o inspetor Ferreira não foi indiciado em 2018. Segundo a PF, a DHC não deu continuidade ao inquérito após o depoimento de Ferreira.

Projeto que discutiu zoneamento em Pedra de Guaratiba teve forte oposição de Marielle. O texto regularizava justamente terrenos em áreas de milícia na zona oeste. A proposta acabou sendo aprovada na Câmara Municipal do Rio, em 2017, com um voto além do mínimo necessário.

Atuação da vereadora contra interesses de milicianos foi o estopim para o assassinato. A tese central da acusação da PGR (Procuradoria-Geral da República) elenca a ação de Marielle contra milicianos como sendo o que motivou o planejamento do crime por Domingos Brazão, conselheiro do TCE-RJ, o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) e demais envolvidos. Os irmãos Brazão estão presos desde março, mas a defesa deles nega o envolvimento no crime.

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