PSOL tenta tirar de PL marco temporal que proíbe aborto em casos de estupro

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), líder do partido na Câmara, apresentou um destaque para votar separadamente um dos trechos do PL do Aborto.

O que aconteceu

Deputados do partido querem suprimir parte do PL que fixa marco temporal para interromper gravidez em casos de estupro. Até a manhã desta sexta-feira (14), o pedido de destaque era o único apresentado aos anexos do projeto de lei.

Trecho que é alvo do pedido de destaque proíbe aborto após 22 semanas de gestação. A solicitação foi apresentada na quarta-feira (12), após a Câmara aprovar a urgência do projeto — na prática, isso significa que a proposta será votada direto no plenário da Casa, sem precisar da análise das comissões.

O PL prevê que, em casos de estupro, as interrupções de gravidez após esse período serão equivalentes a homicídios. Com as mudanças, as penas de prisão poderão variar de 6 a 10 anos, seja para a gestante ou para quem ajudá-la no processo. A regra não vai mudar para casos de anencefalia e risco à vida da gestante.

Ainda não há data para que o projeto de lei seja votado na Câmara. O autor é o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

Urgência foi aprovada em votação-relâmpago

O requerimento de urgência foi analisado em menos de 30 segundos. Ele foi aprovado de maneira simbólica, sem os votos de cada deputado. Antes de anunciar o resultado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pediu a orientação que parlamentares do PSOL iam fazer para a bancada, esperou alguns segundos, colocou o pedido em votação e, na sequência, a encerrou com a aprovação.

Após a aprovação, os deputados reclamaram da ação de Lira. "Eu avalio a votação como uma votação irregular, porque o regimento indica que o presidente precisa, no mínimo, informar para o plenário qual o projeto que está sendo votado", apontou a deputada Sâmia Bofim (PSOL-SP). "Esse registro precisa aparecer no painel de votação e nada disso aconteceu."

Se aprovada, a proposta mudará quatro artigos do Código Penal. Atos que hoje não são crime ou que têm pena de até quatro anos passam a receber tratamento de homicídio simples —com punição de seis a 20 anos de cadeia.

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Até mesmo os médicos poderão ser presos. Hoje, eles são considerados isentos de responder por qualquer tipo de crime. Pela proposta, poderão ser punidos em caso de interromper a gravidez de feto que não seja anencéfalo.

Casos em que o aborto é permitido hoje

  • se a gravidez for resultante de estupro;
  • se colocar a vida da gestante em risco;
  • se o feto for anencéfalo.

Nos três casos, o aborto pode ser realizado a qualquer momento. Em qualquer outra situação diferente, abortar é crime.

Como são as punições hoje

  • Para gestantes que provocam aborto em si mesmas ou permitem que alguém provoque: 1 a 3 anos de prisão.
  • Para pessoas que fazem abortos sem a autorização da gestante: 3 a 10 anos de prisão.
  • Para pessoas que fazem abortos com a autorização da gestante: 1 a 4 anos de prisão.

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