Jantares, Lula e marqueteiro: a estratégia de candidatos à chefia da Câmara
Os três concorrentes ao comando da Câmara dos Deputados a partir de 2025 intensificaram suas atividades de campanha nos últimos dias para conquistar o apoio dos parlamentares e, em especial, do PT, que pode definir a eleição da Casa.
O que aconteceu
Corpo a corpo com os eleitores. Apadrinhado por Arthur Lira (PP-AL), o líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), tem utilizado o seu tempo para atender os parlamentares e buscar o número de apoios necessários para vencer a disputa. Na última semana, o deputado recebeu dezenas de colegas no gabinete da liderança na Câmara. A ideia é que, após o segundo turno das eleições municipais, ele intensifique as conversas e jantares com as bancadas temáticas e partidárias.
Além do contato com os deputados, para este período de campanha, Motta conta ainda com serviços de comunicação estratégica. O deputado é atendido pelo consultor de comunicação Leandro Colon, ex-diretor da Folha de S.Paulo em Brasília.
Apoio petista é fundamental. O PT faz parte de uma federação com PCdoB e PV, que, juntos, somam 80 deputados e podem definir a disputa. A tendência é que o grupo adote o mesmo posicionamento sobre qual candidato apoiar. Na semana passada, Motta participou de um jantar oferecido pelo deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA), com outros 15 deputados da sigla, para discutir um eventual apoio da bancada e esclarecer dúvidas sobre alguns temas. No encontro, o líder do Republicanos reforçou que vai manter o diálogo com o governo e firmou compromisso com as pautas que são de interesse do país.
Relação com Eduardo Cunha é só de amizade. De acordo com deputados do PT que estiveram no convescote, o republicano disse que é amigo do ex-presidente da Câmara e algoz de Dilma Rousseff, mas que ele não tem influência em seu mandato. Ainda, segundo aliados, esclareceu que o acordo de rodízio nas presidências das comissões feito por Lira em sua reeleição só permanece se o bloco continuar unido. Pelo arranjo, PT, PL, União e PSD fariam o revezamento no comando da CCJ, mas, se Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antonio Brito (PSD-BA) seguirem sozinhos, não haverá cumprimento desse compromisso.
Motta dá ao PT a primeira secretaria. Aliados de Motta afirmam que ele ofereceu a primeira secretaria aos petistas, que, hoje, ocupam a segunda secretaria. A posição tem atribuições mais administrativas na Câmara, como ratificar as despesas da Casa, encaminhar requerimentos de informação e solicitar que o Executivo envie projetos de lei, entre outros.
'Petista de carteirinha'
De opositor a amigo. Há meses, o líder do União Brasil, Elmar Nascimento, iniciou um movimento de aproximação do Partido dos Trabalhadores. Em anos anteriores, o deputado foi muito crítico do presidente Lula e de seu partido. Dentro da bancada, o deputado já conseguiu conquistar a simpatia de alguns parlamentares, como Zeca Dirceu (PT-PR) e Carlos Zarattini (PT-SP). Nos últimos dias, intensificou a aproximação com a sigla conversando com o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), em encontros com o MST e centrais sindicais.
Agendas com Lula. Nascimento também tem participado de alguns eventos com o chefe do Executivo. Na semana passada, o líder do União Brasil esteve no Círio de Nazaré, uma das maiores manifestações religiosas da Igreja Católica, realizada em Belém, no Pará. Na ocasião, tirou foto com Lula e com ministros do governo.
Apoio a candidato do PT no segundo turno. Seguindo a lista de compromissos para conquistar o apoio do PT, o líder do União resolveu apoiar o candidato petista em Fortaleza (CE), Evandro Leitão, e participou de eventos de campanha do candidato na sexta-feira (18). O movimento vai na contramão de Capitão Wagner, candidato do União Brasil, que disputou a prefeitura da cidade no primeiro turno e agora apoia André Fernandes (PL).
Jantar com a bancada do Ceará. Aproveitando a passagem pelo estado, Nascimento foi convidado a participar de uma recepção oferecida por dois deputados de seu partido: Moses Rodrigues e Fernanda Pessoa. Na próxima semana, está previsto um encontro com a bancada do PT.
Repaginada nas redes sociais. O líder do União tem investido na sua imagem e candidatura mesmo antes de ter seu nome rejeitado por Lira para sua sucessão. Nascimento conta com o apoio da agência GBR de consultoria e comunicação estratégica para auxiliá-lo na empreitada. Em outra frente, a agência M4 foi responsável pela reformulação da sua identidade visual nas redes sociais.
Petistas divididos. Deputados do PT ouvidos pelo UOL ainda estão divididos sobre o apoio para a presidência. Parte dos parlamentares tende a endossar o nome de Elmar, enquanto outra parcela quer apoiar o Motta.
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"Querido" entre os deputados. O líder do PSD, Antonio Brito, já é conhecido por ter um bom relacionamento com parlamentares da oposição, governo e centrão muito antes de pensar em concorrer à presidência da Câmara. Deputados do chamado "baixo clero" elogiam Brito por ele ser atencioso com todos os parlamentares em pequenos detalhes, como lembrar as datas de aniversários e nomes dos filhos dos deputados, e ainda ser habilidoso nas articulações da Casa.
Contato com deputados aumentou. Agora, Brito intensificou o contato com os deputados e até aderiu às festas de confraternização.
PSD e União Brasil juntos pela presidência. Brito e Elmar fizeram um acordo para disputar a presidência. Após ser escanteado por Lira, o deputado do União Brasil combinou com Brito que ambos seguiriam com suas candidaturas para forçar um segundo turno de votação contra Hugo Motta (Republicanos-PB), que ganhou o apoio de Lira para a sua sucessão. A ideia é que, ao final, eles juntem esforços para derrotar o republicano.
Brito e Elmar ofereceram a vice-presidência da Câmara. A dupla de postulantes ao cargo está oferecendo a primeira vice-presidência da Casa à federação do PT. O parlamentar que ocupar este cargo também será o vice-presidente do Congresso Nacional.
Compromissos compartilhados. Os líderes do PSD e do União Brasil têm participado de vários eventos juntos, como festas, jantares e agendas com Lula. Brito também esteve no Círio com Nascimento, foi para o Ceará apoiar Leitão e também participou do jantar com a bancada do estado.
Disputa está longe de terminar. Os candidatos apostam na volta do recesso informal, após as eleições municipais, para aumentar os pedidos por apoio. A decisão deve ser esticada até o último momento.
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