Relembre caso de laudo falso divulgado por Marçal que fez a PF indiciá-lo
A Polícia Federal indiciou o empresário Pablo Marçal (PRTB) por uso de documento falso. Às vésperas do primeiro turno da eleição para Prefeitura de São Paulo, o ex-coach postou um laudo falso para associar Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de cocaína. Relembre o caso.
O que aconteceu
O empresário publicou o laudo médico falso às vésperas das eleições. O documento, que mostrava uma falsa internação psiquiátrica de Boulos por uso de cocaína, foi divulgado no perfil de Instagram do influenciador na noite de 4 de outubro.
PF foi acionada para investigar o caso. A pedido da defesa de Guilherme Boulos, a investigação foi anexada à outra aberta em setembro contra Marçal por ter associado o psolista a uso de drogas.
A PF concluiu que o laudo divulgado por Marçal é falso. Uma análise feita pela Polícia Civil de São Paulo também já havia confirmado a falsificação do documento. O prontuário tinha erros de digitação e de informações sobre documentos de Boulos e era assinado por um médico já falecido. A imagem divulgada pelo ex-coach tentava associar Boulos ao uso de drogas.
Boulos pediu a prisão de Marçal. Em live nas redes sociais pouco tempo após a postagem do laudo falso, o deputado federal disse que o ex-coach "não tem limite" e solicitou também a prisão do administrador da clínica em que Marçal afirmou que o psolista teria se internado. "O dono da clínica tem um vídeo com o Pablo Marçal, é apoiador dele", afirmou na ocasião.
A Justiça Eleitoral negou o pedido de prisão, mas ordenou a suspensão do Instagram de Marçal. O juiz responsável pelo caso também determinou que o ex-coach e outros perfis apagassem postagens que traziam o prontuário médico forjado.
Nesta sexta (8), Marçal prestou depoimento sobre o caso por cerca de três horas na PF em São Paulo. O UOL apurou que ele chegou ao prédio da Superintendência Regional por volta das 11h20. O empresário foi indiciado com base no artigo 304 do Código Penal, que tipifica o crime de produção de documentos falsificados ou alterados.
Caso também é investigado pela Justiça Eleitoral. No domingo do primeiro turno, o desembargador Silmar Fernandes, presidente do TRE-SP, disse que se Marçal for condenado pode ter os direitos políticos suspensos, o que lhe deixaria inelegível.
O candidato do PRTB disse, em diferentes ocasiões, que não sabia que se tratava de um laudo falso. "Vocês podem falar com o Tássio Renam [advogado]. Ele que postou, na hora da postagem eu estava no (podcast) Inteligência Limitada. Ele mesmo postou. E a gente está 100% em paz", afirmou a jornalistas após votar no domingo do primeiro turno.
Dono de clínica que teria emitido laudo negou ter atendido Boulos
Luiz Teixeira da Silva Júnior, dono da clínica MaisConsulta, disse à época que nunca atendeu Boulos e negou ter feito laudo falso. Em nota na ocasião, o empresário afirmou que seu nome e o de suas empresas foram utilizados sem o seu consentimento "por pessoa que lhe é desconhecida" (íntegra abaixo). Ele apontou, ainda, que o médico José Roberto de Souza, que assina o documento, "nunca trabalhou ao seu lado".
Luiz Teixeira se apresenta como "patologista clínico, perito judicial". Em suas redes, o médico tem fotos com Marçal e sua esposa, Carol Marçal — ela fez uma aplicação de botox em maio deste ano. Há também publicações com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).
Filha de médico que teve assinatura falsificada em laudo pediu inelegibilidade de Marçal. Carla Maria de Oliveira e Souza, filha de José Roberto de Souza, solicitou à Justiça Eleitoral que o ex-coach fosse impedido de concorrer a pleitos por oito anos por uso indevido de meios de comunicação (redes sociais) para prática de crime de falsidade de documento particular. A ação, no entanto, foi arquivada.
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