Após consenso na Câmara, Motta vai se encontrar com Lula para selar apoio
O líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), deve encontrar o presidente Lula (PT) nesta semana. O deputado foi indicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como seu sucessor no comando da Casa, a partir de 2025.
O que aconteceu
Aliados afirmam que Motta aguarda o chamado para comparecer ao Palácio do Planalto nos próximos dias. O encontro com Lula deve "selar" o apoio do governo.
O nome do deputado como postulante ao comando da Câmara foi levado ao petista em setembro pelo presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), que desistiu da disputa e abriu caminho para o deputado. Na ocasião dessa reunião, o chefe do Executivo teria dito que não se opunha ao nome de Motta, mas que gostaria de conhecê-lo.
Motta já tem o apoio da maioria dos partidos. Além do Republicanos, o deputado já conquistou os apoios da federação PT, PCdo-B e PV, do MDB, do PP, do PL, do Podemos, da federação PSDB-Cidadania, do PDT, do PSB, do Solidariedade, da Rede e do PRB. Com esses partidos, o parlamentar já soma mais de 300 votos e poderia ser eleito para a chefia da Câmara com folga.
Bancada evangélica com Motta. O líder do Republicanos também fechou nesta terça-feira (12) o apoio da Frente Parlamentar Evangélica para a sua candidatura. O acordo foi costurado com Lira, que, em troca, pautou no plenário a PEC que amplia a imunidade tributária das igrejas. O texto pode ser votado hoje.
União Brasil e PSD ainda negociam com Motta e Lira
União Brasil quer desfazer acordos prévios. Sem conseguir viabilizar a candidatura de Elmar Nascimento (BA), o partido negocia com Motta e Lira os termos para apoiar o republicano. Inicialmente, a sigla ficaria com a relatoria do Orçamento de 2026, mas aliados de Motta afirmam que a legenda insiste em ter o comando da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), anteriormente prometido ao MDB.
MDB ficaria com o comando da CCJ em 2025. Pelo acordo original feito na reeleição de Lira, PT, PL, União e MDB fariam o revezamento no comando da Comissão da Constituição e Justiça. Segundo interlocutores do deputado alagoano, o arranjo só seria mantido se Elmar desistisse da candidatura e o partido apoiasse Motta. Como o União chegou tarde no bloco que vai apoiar o republiano, Lira e Hugo estudam formas de compensar o partido sem precisar desfazer o acordo inicial.
PSD quer regra da "proporcionalidade". O líder do partido na Câmara e também candidato à presidência da Casa, Antonio Brito (BA), tem conversado com Lira e Hugo sobre a divisão de cargos, nas comissões, Mesa Diretora e relatoria, seguir o critério do tamanho das bancadas de cada sigla ou bloco partidário.
Orçamento é cobiçado por todos os partidos. Todos os anos há um revezamento na relatoria e na presidência da CMO (Comissão Mista de Orçamento) entre Câmara e Senado. Neste ano, a presidência do colegiado é do deputado Julio Arcoverde (PP-PI), indicado por Lira, e a relatoria do Orçamento é do senador Angelo Coronel (PSD-BA). Em 2025, os deputados ficam com a relatoria, e os senadores com a presidência.
Sucessão na Câmara
Lira anunciou apoio a Motta ao lado de líderes de diferentes partidos. Estavam presentes na residência oficial Dr. Luizinho (PP-RJ), Isnaldo Bulhões (MDB-AL) e Romero Rodrigues (Podemos-PB), além do vice-líder de governo Rubens Pereira Jr. (PT-MA) e Silvia Waiãpi (PL-AP) na oposição.
Presidente da Câmara soltou a mão de Elmar e abraçou Motta. Durante meses, a expectativa era que Lira escolhesse o líder do União Brasil, mas aliados afirmaram ao UOL que o candidato "de coração" era Motta. O deputado alagoano não pode se reeleger e quer fazer um sucessor para transferir seu capital político e ter influência na Casa.
Elmar não se "viabilizou", e Motta virou o "candidato de consenso". Segundo relatos de deputados próximos a Lira, o líder do União Brasil não foi indicado para ser seu sucessor por "falta de apoio" dos partidos. O republicano, contudo, é o deputado que dialoga com todos os grupos políticos da Câmara e seria o postulante com maior aceitação entre as siglas.
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