Motta votou com governo em pautas econômicas e foi contra esquerda no resto
Eleito presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) votou com o governo Lula em quatro de cada cinco projetos que foram a plenário (81% das vezes), de acordo com levantamento do UOL.
O que aconteceu
A fidelidade de Motta ao governo é maior em temas econômicos. Em outras áreas, o novo presidente da Câmara não acompanhou o posicionamento do Palácio do Planalto em vários projetos.
O marco temporal é um exemplo de tema em que Motta divergiu do governo Lula. O presidente Lula (PT) tem na questão da demarcação das terras indígenas uma bandeira internacional, mas viu Motta se alinhar aos ruralistas para derrotar o governo. Na proposta, os povos indígenas só podem reivindicar terras ocupadas na data de promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.
A reforma do ensino médio não contou com o apoio de Motta. O parlamentar acompanhou a oposição e ajudou a aprovar uma proposta diferente da que era defendida pelo Ministério da Educação.
Motta votou 129 vezes na atual legislatura. Os posicionamentos dele foram os seguintes:
- 104 votos com o governo (81%);
- 25 votos contra o governo (19%).
O alinhamento de Motta com o governo é maior do que o de alguns deputados da esquerda. Sâmia Bomfim (PSOL-SP) esteve com o governo em 77,4% das votações. Glauber Braga (PSOL-RJ) foi ainda menos fiel, com 76,1% de votos seguindo a orientação do governo.

Defesa da pauta econômica
Assim como a maioria dos deputados do centrão, Motta se aliou a Fernando Haddad na agenda econômica. O novo presidente da Câmara foi favorável à reforma tributária, ao arcabouço fiscal e ao corte de gastos.
Motta mostrou mais rigor fiscal até do que o governo em uma ocasião. O Planalto queria que despesas com ciência, tecnologia e inovação ficassem fora do teto de gastos do arcabouço. Motta foi contra e viu sua tese prevalecer no plenário.
Apoio a Bolsonaro em 2022
Apesar do alinhamento com o governo, Motta fez campanha por Jair Bolsonaro na última eleição. Ele é filiado ao mesmo partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O partido, entretanto, se diz independente. Sigla é representada pelo ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), mas não garante apoio em votações nem se posicionou com relação às eleições de 2026.
O parlamentar não estava no plenário durante a taxação de grandes fortunas. Trata-se de uma bandeira histórica da esquerda e que acabou derrotada por 262 votos contra e 136 a favor. O Republicanos foi contra o projeto.
Veja, abaixo, alguns votos de Motta:
- Marco temporal: a favor;
- Reforma tributária: a favor;
- Arcabouço fiscal: a favor;
- Reduzir punição pela Lei da Ficha Limpa: a favor;
- Reoneração da folha salarial: a favor;
- Novo ensino médio: a favor;
- Corte de gastos: a favor;
- Taxar grandes fortunas: ausente.
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