Hugo Motta é eleito presidente da Câmara com apoio de PT e PL

O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados, neste sábado (1º), com apoio do governo e da oposição. Ele vai comandar a Casa pelos próximos dois anos.

O que aconteceu

Motta derrotou candidatos da direita e esquerda. O deputado foi eleito com 444 votos, contra 22 para o Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) e 31 para Marcel Van Hattem (Novo-RS). O resultado considerou a maioria absoluta dos votantes e não da composição da Casa. 499 deputados votaram, dois votaram em branco. O Novo tem quatro deputados, enquanto o PSOL soma seis cadeiras.

PL e PT vão ocupar a 1ª vice-presidência e a 1ª secretaria com os deputados Altineu Côrtes (PL-RJ) e Carlos Veras (PT-PE), respectivamente. Os outros integrantes da Mesa Diretora são Elmar Nascimento (União Brasil-BA), na 2ª vice-presidência, e Lula da Fonte (PP-PE), Delegada Katarina (PSD-SE) e Sérgio Souza (MDB-PR) nas secretarias.

Presidente mais jovem da Câmara. Motta chegou ao posto mais alto da Casa aos 35 anos, após ser indicado por seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL), em outubro do ano passado. Para tanto, o deputado Marcos Pereira, presidente do Republicanos, desistiu de concorrer. Na época, o parlamentar atribuiu a renúncia à falta de apoio de Gilberto Kassab, dirigente do PSD.

Arco de apoio reuniu 17 partidos, que somam 494 deputados. Lira articulou com Motta a base de legendas que dariam sustentação à candidatura. A negociação envolveu espaços na Mesa Diretora, presidências de comissões e indicações do PT para o TCU (Tribunal de Contas da União).

Após ser eleito, o presidente Lula (PT) parabenizou Hugo Motta, em nota divulgada à imprensa. "Estou certo de que avançaremos ainda mais nessa parceria exitosa entre Executivo e Legislativo, para a construção de um Brasil cada vez mais desenvolvido e mais justo, com responsabilidade fiscal, social e ambiental".

Paraíba em peso na Câmara. Familiares e amigos de Motta viajaram do estado do deputado para acompanhar a eleição em Brasília.

Estratégia desidratou outros concorrentes. Quando o republicano foi anunciado oficialmente, as principais siglas da Casa embarcaram rapidamente na aliança: PL, PT, MDB, PP, Podemos e Republicanos. Posteriormente, chegaram PCdoB, PV, Federação PSDB/Cidadania, PDT, PSB, Avante, Solidariedade, PRD e Rede.

Costura passou por cima de candidatos do PSD e do União Brasil. Sem o apoio de centrão, governo e oposição, os deputados Antonio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União Brasil-BA), foram obrigados a desistir da disputa e apoiar Motta para não ficar sem espaço na Câmara.

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Corpo a corpo com seus colegas eleitores. Nos últimos meses, Motta utilizou seu tempo para receber os deputados individualmente, em bancadas e em frentes parlamentares para buscar os apoios necessários para vencer a disputa.

Governadores e grandes bancadas marcam presença. Na última semana, o candidato participou de um jantar com a bancada de São Paulo, que contou com a presença de presidentes de partidos, como Ciro Nogueira, do PP, Gilberto Kassab, do PSD, e do governador do Estado paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O parlamentar também teve um encontro com a bancada do Rio de Janeiro, ao lado do governador Cláudio Castro (PL).

Diálogo com o governo. Durante as negociações com os petistas, Motta firmou o compromisso de manter a comunicação com o Executivo e andar com as pautas que são de interesse do país.

Lula e Motta estão se conhecendo melhor. Com a posição de apoio do PT, o chefe do Executivo fez gestos para se aproximar do republicano e o encontrou algumas vezes para conhecê-lo. A ideia é estabelecer uma relação "amistosa" para os próximos dois anos de mandato, especialmente para 2026, em caso de uma possível disputa pela reeleição.

Motta terá que lidar com a pressão por anistia aos presos do 8 de Janeiro. Durante a campanha, em 2024, Motta se esquivou do tema para conquistar os apoios do PT e do PL, ao dizer que Lira resolveria. O deputado alagoano autorizou a criação de uma comissão especial para debater o tema, mas o colegiado não foi instalado. Por outro lado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o republicano vai pautar a proposta se tiver o requerimento de urgência aprovado. Os governistas continuam dizendo que não há clima para o tema.

Importância do cargo. Além de comandar a Câmara, de acordo com a Constituição, Motta agora é o segundo na linha de sucessão da Presidência da República (o primeiro é o vice-presidente, Geraldo Alckmin).

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O trator de Motta

Hugo Motta resolveu a disputa em 36 horas. Neste intervalo, o deputado fez um intensivo de reuniões que foram do PT de Lula ao PL de Jair Bolsonaro. Os encontros levaram a acordos com cinco partidos e votos suficientes para vencer.

A campanha foi lançada às 9h da última terça de outubro. Àquela altura, Motta contava somente com os 44 votos de seu partido, o Republicanos. Ele queria resolver a questão antes de a semana acabar e inviabilizar rivais com vigorosa demonstração de força.

Logo ficou claro que Arthur Lira estava com Motta. Além da sinalização política substancial, significava o apoio e os 50 votos do PP. A adesão seguinte só viria nas primeiras horas da tarde de quarta, quando o Podemos convocou coletiva para anunciar apoio.

Demorou mais de 24 horas para primeira adesão acontecer, mas o movimento se revelou imparável. No começo da noite, houve uma corrida de partidos para dizer que haviam fechado acordo. O MDB confirmou que tinha aderido a Motta. A imprensa foi avisada que uma reunião na sala da liderança do PT na Câmara deveria ter o mesmo desfecho.

A urgência em se aliar a Motta produziu uma cena insólita. Preocupado em não perder espaço político, o PL enviou seu líder para a frente da liderança do PT. Ele chamou a imprensa e anunciou apoio ali mesmo. Na sequência, os caciques petistas declararam voto em Motta.

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Em 36 horas, foram materializados meses de negociação. O deputado deixou a Câmara às 21h de quarta-feira com votos para vencer no primeiro turno.

Outros cargos na direção da Câmara

Deputados escolhem nomes para as outras posições na Mesa Diretora. Serão eleitos ainda hoje dois vice-presidentes, quatro secretários e quatro suplentes. Antes da eleição, os líderes de partidos fizeram uma reunião para formar um bloco e definir os nomes para cada cargo.

9 comentários

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Rubens Acácio Marques Gonçalves

E tem o povo da ULTRA esquerda radical e da ULTRA direita radical se matando nas ruas. Enquanto isso, nos  gabinetes do poder o importante é não perder a "boquinha" Eita ETERNA REPUBLIQUETA LATINO AMERICANA..... Brasil mostra tua cara.

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Marco Antonio Pedran

O Brasil tem um PODER DE ARRASTO impressionante, carrega um peso gigante com esse CONGRESSO INÚTIL que tem um custo Gigante pela sua ineficiência... Esse ano vai receber R$ 52.000.000.000,00 a FUNDO PERDIDO, pois essas emendas invariavelmente acabam em operação da PF e infelizmente pequena parte é recuperada. Por falar em PF uma sugestão ao Ministro da Justiça... Abrir urgente concurso para Agente da PF pois com toda essa montanha de recursos que vão ser desviados faltará POLICIAL para correr atrás do dinheiro dos contribuintes.... 

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Jose Luiz Ghiotto

Um país gigantesco fica nas maos de um senhor cuja representatividade é menor que a população da Penha . 

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