Gilmar cita 'falhas' do CNJ e critica supersalários: 'Verdadeira desordem'
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O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou hoje que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) tem tido "falhas" na discussão sobre os supersalários no Judiciário.
O que aconteceu
Quadro de supersalários no Judiciário é de "verdadeira desordem", criticou Gilmar. A fala ocorreu em evento sobre reforma administrativa na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Devemos ter posicionamento em relação à remuneração [do Judiciário]. Estamos vivendo um quadro de verdadeira desordem. A toda hora os jornais estampam novos penduricalhos e gratificações. É preciso que se estabeleçam regras seguras para isso. Certamente, tem havido falhas, talvez, do próprio CNJ nessa disciplina.
Gilmar Mendes, sobre os supersalários
Usado como justificativa pelo Judiciário, a autonomia financeira está sendo interpretada de forma "extravagante", analisou o ministro. "[Tem havido] uma leitura um tanto extravagante daquilo que a gente chama de autonomia financeira. Autonomia financeira foi pensado justamente para evitar a dependência do Judiciário em relação ao Executivo."
O ministro citou a reforma do Judiciário de 2004, onde, segundo ele, se fez um "esforço enorme" para encerrar com os penduricalhos, criando subsídios. "Mas é claro que, no Brasil, considerando, inclusive, a velocidade dos tempos, os subsídios foram ficando ultrapassados."
Nesse contexto foram gerando-se novas gratificações, ou velhas gratificações foram restauradas, e nós estamos em uma fase extremamente preocupante, em que não sabemos bem qual é o critério que deve prevalecer.
Gilmar Mendes, sobre os supersalários
Nove em cada dez juízes no Brasil ganharam mais do que os ministros do STF em 2024, segundo levantamento feito pelo UOL. Pelo menos 36 mil funcionários da elite do serviço público fugiram a essa regra, em 2024, e receberam os chamados supersalários. Os gastos com esses excedentes já chegam a R$ 13 bilhões por ano.
Dentre os servidores nessa situação, 22 mil são juízes e desembargadores. Outros 5.500 mil são integrantes do Ministério Público, número que pode dobrar quando todas as bases de dados dos MPs de 2024 estiverem disponíveis.
Por lei, nenhum servidor público deveria receber mais do que eles. Nem o presidente da República.
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