As populações de Moscou e de Lagos se uniram hoje às mais de três bilhões de pessoas confinadas em suas casas para tentar conter a propagação do novo coronavírus, uma pandemia que já deixou mais de 700 mil infectados no planeta e que o presidente americano, Donald Trump, parou de minimizar.
A obrigatoriedade do confinamento para lutar contra a pandemia, que já provocou mais de 34 mil mortes, incluindo um bebê de menos de um ano nos Estados Unidos, é mais difícil de ser respeitada em vários países da África e da América Latina.
"Fiquem em casa!": na Venezuela, a ordem repetida incessantemente na televisão estatal esbarra na realidade do país, onde 60% dos 30 milhões de habitantes enfrentam a escassez de água, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).
Em um bairro popular de Caracas, era possível observar até 200 pessoas reunidas na rua aguardando para encher os baldes de água, em um hidrante.
Nos Estados Unidos, foram registrados 140 mil casos de contágio, dos mais de 700 mil declarados no mundo. Depois de passar dias relutando em admitir a dimensão da epidemia, o presidente Trump mudou totalmente de estratégia.
"Potencialmente 2,2 milhões de pessoas poderiam morrer de covid-19, se não tivéssemos feito nada", ele admitiu ontem.
De acordo com estimativas de seu conselheiro sobre a pandemia, o médico Anthony Fauci, com quem parece ter um entendimento melhor agora, o novo coronavírus pode provocar "entre 100 mil e 200 mil" mortes na maior potência mundial, contra quase 2.400 vítimas fatais até o momento.
"Como leprosos"
Com dois terços das vítimas fatais no mundo, a Europa continua sendo o continente mais afetado.
Em Moscou, onde aqueles que não respeitam as medidas de quarentena podem ser punidos com até cinco anos de prisão, o prefeito, Serguei Sobyanin, ordenou o confinamento total.
A partir desta segunda-feira, os 12,5 milhões de moscovitas podem sair de casa apenas por uma emergência médica, para ir ao trabalho em caso de necessidade, ao supermercado ou à farmácia.
Na Espanha, segundo país com mais falecimentos pela covid-19 depois da Itália, foram registradas 812 mortes nas últimas 24 horas, número um pouco menor depois do recorde registrado no domingo, de 838 óbitos.
Diante da situação alarmante, o governo espanhol endureceu o confinamento anunciado em 14 de março. A partir desta segunda-feira, todas as atividades não essenciais serão suspensas por pelo menos duas semanas.
Com quase 11 mil mortes, a Itália, país com o maior número de vítimas fatais, registra uma leve desaceleração do avanço do vírus.
"Em todos os departamentos de emergência aconteceu uma redução da entrada de pacientes", declarou Giulio Gallera, secretário de Saúde da região da Lombardia, norte do país, a mais atingida do território.
Na vizinha França (mais de 2.600 mortos), a escassez de material afeta os hospitais, e as autoridades encomendaram um bilhão de máscaras, sobretudo da China.
Coronavírus liga alerta pelo mundo
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3.abr.2020 - Vista geral do hospital de campanha Nightingale, no centro de convenções ExCel, em Londres, com capacidade para atender 4.000 pessoas com covid-19
Will Oliver/EFE/EPA 2 / 57
25.mar.2020 - Radial Leste, que liga o centro de São Paulo à zona leste, fica vazia, em função do isolamento social por causa do novo coronavírus
PAULO LOPES/ESTADÃO CONTEÚDO 3 / 57
24.mar.2020 - Profissionais de saúde atendem o público em tenda colocada na parte externa da Clínica da Família da Rocinha, no Rio
Herculano Barreto Filho/UOL 4 / 57
23.mar.2020 - Italianos cantam das janelas durante quarentena em casa para evitar a propagação do novo coronavírus
Massimo Pinca/Reuters 5 / 57
17.mar.2020 - Torre Eiffel, um dos principais pontos turísticos de Paris (França), fica vazia após presidente anunciar restrições contra o coronavírus
Ludovic Marin / AFP 6 / 57
16.mar.2020 - Movimentação de passageiros usando máscaras e luvas na saída da estação Butantã, linha amarela do Metrô em São Paulo
Ronaldo Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo 7 / 57
26.fev.2020 - Passageiros e funcionários usam máscaras de proteção no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, após primeiro caso do coronavírus no Brasil
Zanone Fraissat/Folhapress 8 / 57
11.mar.2020 - O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, participa de entrevista coletiva em que foi anunciado que a epidemia de covid-19 passa a ser considerada pandemia, pela organização, quando há transmissão simultânea do vírus em vários locais do planeta
Fabrice Coffrini/AFP 9 / 57
11.mar.2020 - Integrante das forças de segurança do Líbano checa temperatura de um visitante em um prédio do governo, na cidade de Saida
Mahmoud Zayyat/AFP 10 / 57
11.mar.2020 - Funcionário de uma estação de ônibus em Narathiwat, na Tailândia, oferece gel para os passageiros limparem as mãos antes de viajarem
Madaree Tohlala/AFP 11 / 57
11.mar.2020 - O papa Francisco celebra cerimônia na Biblioteca do Palácio Apostólico, longe dos fieis, como medida para evitar novas transmissões do novo coronavírus
Divulgação Vaticano/AFP 12 / 57
9.mar.2020 - A Fontana di Trevi, uma das mais visitadas em Roma, teve o acesso bloqueado a visitantes, por conta das medidas do governo italiano contra a disseminação do novo coronavírus
Alberto Lingria/Xinhua 13 / 57
9.mar.2020 - Parentes de presos entram em confronto com a polícia em frente à prisão de Rebibbia, na Itália, após governo decretar normas de prevenção ao novo coronavírus que devem ser seguidas por detentos e seus visitantes
Yara Nardi/Reuters 14 / 57
06.mar.2020 - Homem se protege com máscara em vagão da linha 2 Verde do metrô de São Paulo
Bruno Rocha/Fotoarena/estadão Conteúdo 15 / 57
5.mar.2020 - Integrante de equipe médica prepara substância desinfetante a ser usada em locais públicos de Teerã (Irã)
Nazanun Tabatabaee/Wana/Reuters 16 / 57
5.mar.2020 - Funcionário da companhia aérea italiana Alitalia usa máscara facial para se proteger do novo coronavírus enquanto trabalha no aeroporto de Guarulhos (SP)
Rahel Patrasso/Reuters 17 / 57
05.mar.2020 - Pessoas usam máscaras em meio a preocupações com a disseminação do novo coronavírus COVID-19 enquanto andam de barco em Bangkok
Leia mais Suwanrumpha/AFP 18 / 57
05.mar.2020 - Equipe médica iraquiana descansa após verificar a temperatura dos passageiros, em meio a um surto de coronavírus, no aeroporto de Najaf
Leia mais Alaa al-Marjani/Reuters 19 / 57
26.fev.2020-Passageiros usam máscaras protetoras no Irã, após um surto de coronavírus
Alaa al-Marjani/Reuters 20 / 57
28.fev.2020 - Passageiros com máscaras de proteção são vistos no Aeroporto Internacional da Cidade do México, México
Leia mais Alfredo Estrella / AFP 21 / 57
28.fev.2020 - Peregrinos muçulmanos usam máscaras no Grande Mesquita em cidade sagrada de Meca da Arábia Saudita
Leia mais Abdel Ghani Bashir / AFP 22 / 57
28.fev.2020 - Peregrinos muçulmanos usam máscaras no Grande Mesquita em cidade sagrada de Meca da Arábia Saudita
Leia mais Abdel Ghani Bashir / AFP 23 / 57
27.fev.2020 - Jogadores do Ludogorets usam máscaras como medida de segurança contra o COVID-19, o novo coronavírus, a caminho da partida pela UEFA Europa League
Miguel Medina / AFP 24 / 57
28.fev.2020 - Peregrinos muçulmanos usam máscaras no Grande Mesquita em cidade sagrada de Meca da Arábia Saudita
Abdel Ghani Bashir / AFP 25 / 57
27.fev.2020 - Torcedores usam máscaras em meio à preocupação com o coronavírus antes da partida Gent v AS Roma pela Europa League
Francois Lenoir / Reuters 26 / 57
Após a Espanha confirmar os primeiros casos de coronavírus nesta semana, torcedores usam máscaras de proteção em partida entre Real Madrid e Manchester City, pela ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, em Madri
Susana Vera/Reuters 27 / 57
Após a Espanha confirmar os primeiros casos de coronavírus nesta semana, torcedores usam máscaras de proteção em partida entre Real Madrid e Manchester City, pela ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, em Madri
Susana Vera/Reuters 28 / 57
26.02.2020 - Fachada do hospital onde um paciente com o novo coronavírus morreu em Paris, na França
Leia mais KENZO TRIBOUILLARD/AFP 29 / 57
16.fev.2020 - Ônibus se aproximam do navio de cruzeiro Diamond Princess, atracado na Baía de Yokohama, no Japão, para retirar os passagiros que estavam isolados devido à epidemia do coronavírus
Leia mais Behrouz Mehri/AFP 30 / 57
Plateia assiste ao festival usando máscaras de proteção em prevenção contra a transmissão do coronavírus
Kim Kyung-Hoon/Reuters 31 / 57
16.fev.2020 - Médicos levam primeira parte de pacientes infectados com o novo coronavírus para uma área de isolamento no hospital Huoshenshan, em Wuhan
Leia mais Xinhua/Xiao Yijiu 32 / 57
16.fev.2020 - Os membros das Forças de Autodefesa do Japão caminham em direção ao navio Diamond Princess, onde 355 pessoas testaram positivo para o novo coronavírus. Os norte-americanos começaram a deixar o cruzeiro
Leia mais BEHROUZ MEHRI/AFP 33 / 57
16.fev.2020 - Funcionários são vistos antes da evacuação dos passageiros dos EUA do navio de cruzeiro Diamond Princess, onde dezenas testaram positivo para o coronavírus
ATHIT PERAWONGMETHA/REUTERS 34 / 57
17.fev.2020 - Avião com passageiros norte-americanos retirados de navio que est[a em quarentena no Japão devido à epidemia de coronavírus chega à Base da Força Aérea dos EUA, perto da cidade de São Francisco, na Califórnia
Brittany Hosea-Small/AFP 35 / 57
Clientes aguardam abertura das redes Sasa e Mannings na Queen's Road, em Hong Kong, nesta terça-feira (4), às 8h (horário local), em busca de máscaras cirúrgicas
Leia mais Christianne González/UOL 36 / 57
27.jan.2020 - Equipe médica de hospital em Wuhan, na província de Hubei, na China, atende paciente
Leia mais Xinhua/Chen Jing 37 / 57
31.jan.2020 - Tripulação embarca em voo com máscaras no aeroporto de Wuhan, na China
Leia mais Hector Retamal/AFP 38 / 57
30.jan.2020 - Todos os 99 pacientes levados ao hospital Jinyintan com coronavírus tiveram pneumonia
Leia mais Getty Images 39 / 57
22.jan.2020 - Médicos transferem paciente com suspeita de estar com o coronavírus no hospital Rainha Elizabeth, em Hong Kong
Leia mais Reuters 40 / 57
22.jan.2020 - Paciente com suspeita de estar infectado com o coronavírus internado no hospital Prince of Wales, em Hong Kong
Reuters 41 / 57
22.jan.2020 - Funcionário de cassino em Macau mede temperatura de uma mulher antes de sua entrada no prédio
Anthony Wallace/AFP 42 / 57
24.jan.2020 - Desde o dia 23, passageiros que desembarcaram no aeroporto de Guarulhos (SP) vindos da China relataram ter recebido um documento em português, espanhol e chinês sobre sintomas do coronavírus e uma série de orientações
FEPESIL/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO 43 / 57
24.jan.2020 - Médica usando roupas de proteção no hospital da Cruz Vermelha em Wuhan, na China
AFP 44 / 57
25.jan.2020 - O médico chinês Zhou Qiong lidera equipe que atua na prevenção e tentativa de controle da epidemia do coronavírus na China
Xinhua/Cheng Min 45 / 57
24.jan.2020 - Médicos atendem paciente infectado pelo coronavírus no hospital Zhongnan, em Wuhan, epicentro do surto de coronavírus, na China
Xinhua/Xiong Qi 46 / 57
25.jan.2020 - Quase 3.000 casos do novo coronavírus já foram confirmados, a maioria deles na China
EPA 47 / 57
25.jan.2020 - Passageiros usam máscara em vagão do metrô em Paris
ROSIVAN MORAIS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO 48 / 57
26.jan.2020 - Usuários do metrô de Pequim, na China, usam máscaras
Carlos Garcia Rawlins/Reuters 49 / 57
28.jan.2020 - Uma equipe composta por 142 médicos de Xinjiang partiu para Wuhan para ajudar no combate ao coronavírus
Xinhua/Wang Fei 50 / 57
28.jan.2020 - Fila em Hong Kong para comprar máscaras faciais com medo do coronavírus
Tyrone Siu/Reuters 51 / 57
28.jan.2020 - Membros da segurança usam máscaras dentro da estação de trem de alta velocidade que conecta Hong Kong à China continental
Anthony Wallace/AFP 52 / 57
28.jan.2020 - A chefe do Executivo de Hong Kong Carrie Lam usa máscara diante de surto de coronavírus em coletiva de imprensa
Tyrone Siu/Reuters 53 / 57
28.jan.2020 - Pedestres usam máscaras numa região de compras em Tóquio, no Japão
Kim Kyung-Hoon/Reuters 54 / 57
28.jan.2020 - Trabalhador desinfecta instalações públicas em uma comunidade no distrito de Nanchang, província de Jiangxi, China
Xinhua/Peng Zhaozhi 55 / 57
28.jan.2020 - Equipe médica embarca rumo a Wuhan, para auxiliar no atendimento dos pacientes infectados com o coronavírus
Xinhua/Chen Bin 56 / 57
18.fev.2020 - Passageiros que estavam no navio Diamond Princess e foram diagnosticados com o coronavírus são transferidos de ônibis para unidades médicas em Tóquio, no Japão
Athit Perawongmetha/Reuters 57 / 57
17.fev.2020 - Norte-americanos chegam ao aeroporto da base militar em San Antonio, no Texas, após serem retirados do navio Diamond Princess, que está isolado no Japão devido à epidemia do coronavírus
Edward A. Ornelas/AFP Como acontece em outros países, a França começa a registrar uma crescente discriminação a respeito dos profissionais da saúde, que se tornaram alvos de suspeitas e até de ataques de vizinhos e pacientes que temem contrair a covid-19.
"Estamos colocando nossas vidas em perigo para ajudar os demais e agora nos tratam como leprosos", lamenta Lucille, uma enfermeira que trabalha na região sudeste de Paris e que recebeu uma carta anônima com a exigência de que passe a fazer as compras fora da cidade e pare de passear com seu cão.
Com mais de 1.200 mortos e 20 mil casos confirmados, a epidemia também acelera no Reino Unido, cujas autoridades advertiram no domingo que o país pode demorar seis meses, ou mais, para retomar a vida normal após a pandemia.
Pico em duas semanas
Em Nova York, os bancos de alimentos estão recebendo cada vez mais pessoas que se encontram de repente sem recursos.
No famoso Central Park, está sendo instalado um hospital de campanha para receber 68 pessoas.
Ontem, o presidente Trump declarou que "o pico na taxa de mortalidade provavelmente acontecerá em duas semanas".
Na América Latina, onde foram registradas 338 mortes e 14.462 casos, vários países decidiram prorrogar as medidas de confinamento.
A Argentina prorrogou o isolamento social obrigatório até 12 de abril, e a Guatemala também prolongou até a mesma data o toque de recolher parcial em vigor.
Em El Salvador, as restrições de deslocamento e de reunião prosseguirão até 13 de abril.
Nesta segunda-feira, dois cruzeiros com quatro mortos e várias pessoas infectadas pela covid-19 atravessaram o Canal do Panamá com rumo incerto, depois que foram rejeitados em vários portos ante a expansão do coronavírus.
Morrer de fome
Na África, as autoridades da Nigéria, país mais populoso do continente, decretaram o confinamento total em Lagos, megalópole de 20 milhões de habitantes, assim como na capital Abuja, a partir desta segunda-feira à noite.
Até o momento, o país registrou quase cem casos da doença, mas o número pode disparar rapidamente, advertiu o ministro da Informação, Lai Mohammed.
As medidas de confinamento provocam muita incompreensão e indignação na África subsaariana, onde grande parte da população vive com menos de US$ 2 ao dia e depende da economia alternativa para sobreviver.
No Zimbábue, afetado por duas décadas de crise econômica, o confinamento de três semanas a partir desta segunda-feira promete ser particularmente doloroso para os 16 milhões de habitantes.
"Poucas pessoas podem pagar por uma refeição diária em tempos normais, afirmou Prince Gwanza, morador da capital. "Temo que as pessoas vão morrer de fome isoladas em casa", desabafou.
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