Acre quer criar pacote paralelo de profissionais para o Mais Médicos
Acompanhando o embalo do Mais Médicos, o governo do Acre decidiu cadastrar nesta segunda-feira (2) médicos formados no exterior que moram no Estado para tentar encaixá-los no programa do governo federal. A ideia é que esses médicos trabalhem no próprio Estado.
Foi o que levou a médica peruana Paola Edith a realizar o cadastramento. Há um ano ela mora no Acre com o brasileiro Jacinto Machado, mas antes moravam no Peru. Os dois estão casados há cinco anos e ela quer exercer a profissão no Acre.
Formada em 2005 pela Ucebol (Universidade Cristiana de Bolívia), em Santa Cruz de La Sierra, Paola Edith quer trabalhar no Brasil. Com especialidade em nefrologia, espera pelo resultado de três Exames Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida) previsto para a próxima semana. Ela fez a prova em Cuiabá, Belo Horizonte e Rio Branco.
Enquanto o resultado não é divulgado, a médica, que se especializou em Lambayeque, Estado do Peru, e já prestou estágios nas áreas de transplantes no estado de São Paulo, tenta se encaixar no Programa Mais Médicos, do governo federal.
O programa
O programa, que tem a finalidade de levar médicos para atender a população em unidades básicas de saúde do interior dos estados e em periferias de grandes cidades, onde há carência de profissionais de saúde sem passar pelo Revalida, causou polêmica em todo o país, especialmente entre a classe médica.
No Acre, Estado que faz fronteira com a Bolívia e Peru, é grande o número de jovens que se arriscam a estudar nos países vizinhos, mas até o momento não há dados oficiais de quantos médicos formados no exterior moram no Estado atualmente.
“Quero exercer a carreira. Gosto da minha área. Cada paciente tem uma história e isso é fascinante. Não poder trabalhar faz com que o profissional esqueça o conteúdo. É preciso exercitar sempre”, disse a médica enquanto preenche o formulário.
Sobre os preconceitos por parte dos médicos brasileiros, ela diz não ter o que temer e que as semanas de avaliações por parte do Ministério da Saúde não abrem brechas para um profissional atuar sem as condições necessárias.
“A avaliação de quase um mês é um critério para não ter injustiça com os médicos brasileiros. Acredito que não teremos mais preconceitos sobre isso”, comentou.
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Abaixo do ideal
A Secretária de Saúde do Estado, Suely Melo, disse que a quantidade de médicos no está abaixo do ideal. Segundo ela, são necessários 300 profissionais. "Até o momento, entre brasileiros e estrangeiros, somente 60 foram inscritos no programa Mais Médicos. Destes 60, apenas 14 foram homologados", disse.
A abertura do novo cadastro, paralelo ao programa Mais Médicos, será encaminhada pelo Ministério Público Estadual (MPE/AC) ao Ministério da Saúde para passar por uma análise. Nada é garantido para os cadastrados.
Caso o Ministério da Saúde não aprove a ação, o cadastro vai valer apenas para ter a quantidade dos médicos formados no exterior que moram no Acre. O cadastramento, que vai até quinta-feira (5), recebeu 98 documentos somente no primeiro dia de inscrição.
"Vamos buscar esse direito, que a medida provisória não veda, aos acreanos formados com muito sacrifício na Bolívia e que até agora não tiveram essa oportunidade de trabalhar", afirma.
Procurado, o Ministério da Saúde ainda não se pronunciou sobre o cadastramento.
Onde falta médico, faltam dentistas e enfermeiros, mostra pesquisa
A concentração de médicos nos grandes centros acompanha a de outros profissionais de saúde, como dentistas e enfermeiros, e a de unidades de saúde. Onde falta um, faltam os outros. É o que o mostra um recorte da pesquisa Demografia Médica no Brasil, que se baseou em dados da AMS (Assistência Médico-Sanitária) do IBGE, que conta os postos de trabalho ocupados por profissionais de saúde |
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