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"Não estamos trazendo o regime cubano para o Brasil", diz Padilha na Câmara

Do UOL, em São Paulo

04/09/2013 12h01

O ministro da saúde, Alexandre Padilha, declarou na manhã desta quarta-feira (4) que não se pode ter postura arrogante e falar que os médicos cubanos não têm experiência.  Ele estava presente na sessão da Comissão Geral do Programa Mais Médicos no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília.

  • Arte UOL

    Saiba qual a proporção de médicos em cada Estado e o panorama em outros países

Padilha declarou que 20% dos cubanos têm pós-graduação. “Tenho tranquilidade em falar de Cuba, sei que existem opiniões diferentes sobre o regime cubano. Muitas polêmicas e opiniões diferentes. Não estamos trazendo o regime cubano, nem sua economia. Como em 58 países do mundo, trazemos a experiência da atenção básica na saúde de Cuba.  Quem quiser pode falar porque vivemos num país democrático”.

Ele também falou sobre sua própria experiência com a ditadura: “Só encontrei meu pai aos cinco anos, pois ele vivia no exílio. Eu mandava fitas cassete para ele, meu irmão achava que eu vivia num gravador”.

O ministro frisou que é preciso separar opiniões ideológicas e políticas legítimas que cada um pode ter e que devem fazer parte do debate, mas que não podem impedir o ministério da saúde de levar médicos para milhões de brasileiros. “Eu falo com muita tranquilidade e mostro esta reportagem de 1999 em que médicos cubanos foram vistos como milagres para abrir hospitais em Tocantins. Não cabe qualquer debate contaminar uma alternativa que 58 países já usam no mundo todo”.

Padilha comentou que ninguém pergunta quanto o ministério da saúde de Cuba recebe para levar milhares de médicos ao Haiti. “Eles custeiam isso totalmente. Já fizeram isso em quase 100 países de todo o mundo. Usam parte dos recursos para formar médicos para atuar em países como Haiti, que não tem um real, diferentemente da nossa realidade”.

Como médico

O ministro começou seu discurso dizendo que estava ali não só na condição de ministro da saúde, mas de médico, que após concluir residência médica em doenças infeciosas e parasitárias na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e que aceitou o convite para assumir o desafio de criar um núcleo de doenças infecciosas e parasitárias no interior da região amazônica.

“Supervisionei  este núcleo com muito orgulho até vir trabalhar no ministério. Foram médicos, estudantes de medicina não só da USP, mas de outras faculdades, também médicos estrangeiros que receberam registro provisório”.

Ele afirma que apresentou ao ministro da educação Aloizio Mercadante e a presidente Dilma um programa para resolver alguns problemas, não todos.  “Ninguém disse que resolveríamos todos. Nós nos esforçamos para conhecer experiências internacionais que outros países já aplicam, mas pela experiência vivida de quem saiu do maior hospital da América Latina e foi para o interior da região amazônica onde não havia nenhuma estrutura, ajudamos Santarém e outros municípios”.

SUS

Para ele, este tema [Mais Médicos] não pode ter partido, que é preciso pensar nos milhões de brasileiros sem médicos: “Posso dizer por experiência de vida, como médico e orientador, que um médico faz diferença em qualquer situação, mesmo se não tiver equipamento, se você atender uma criança que precise, a chance é muito maior dela ser salva”, afirma.

Ele conclui que mesmo após os 25 anos do SUS, os números mostram que faltam médicos no país e que não se deve culpar os médicos por isso. Que alguns podem falar que sobram profissionais, mas nem todos vão para algumas regiões que mais precisam, porque temos um número insuficiente.

Padilha frisa que a composição etária dos médicos hoje mostra a importância de um plano de formação. “Em 2000, a maioria era formada por jovens, mas uma parte envelheceu, vai entrar em aposentadoria em breve e a demanda será maior ainda”.

Onde falta médico, faltam dentistas e enfermeiros, mostra pesquisa

A concentração de médicos nos grandes centros acompanha a de outros profissionais de saúde, como dentistas e enfermeiros, e a de unidades de saúde. Onde falta um, faltam os outros.

É o que o mostra um recorte da pesquisa Demografia Médica no Brasil, que se baseou em dados da AMS (Assistência Médico-Sanitária) do IBGE, que conta os postos de trabalho ocupados por profissionais de saúde