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Hospital nega morte de médico que alertou colegas sobre o coronavírus

Reprodução de posts no Weibo que tratam do caso de Li Wenliang - Reprodução
Reprodução de posts no Weibo que tratam do caso de Li Wenliang Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

06/02/2020 13h06

Autoridades e a imprensa chinesa anunciaram hoje a morte de Li Wenliang, o médico que tentou alertar as autoridades locais a respeito de um vírus semelhante à Sars, vítima de complicações do coronavírus. A informação foi divulgada inicialmente por diversos veículos de comunicação locais e confirmada pela Organização Mundial da Saúde, mas mais tarde foi rebatida pelo Hospital de Wuhan, que publicou um post negando a morte do médico.

Tudo começou quando o Global Times noticiou inicialmente que ele teria morrido, mas depois relatou que, ao contrário do informado, ele estava "gravemente ferido". Seguindo a mesma narrativa, o People's Daily publicou um tuite dizendo que a morte do Dr. Li provocou "sofrimento nacional".

Ambas as histórias, que repercutiram em outros diversos veículos que usaram esses como fonte, foram desmentidas posteriormente por um comunicado do hospital dizendo que, na verdade, o coração do chinês teria parado de bater às 21h30. No entanto, ele teria recebido um tratamento de ressuscitação. O hospital afirma então que Li Wenliang está em "condição crítica", mas não morto — como alguns jornais e a própria OMS comunicaram.

Após o pronunciamento do hospital, a OMS apagou o post do Twitter e informou que não tinha notícias do estado de saúde de Wenliang.

A confusão da notícia da morte - ou não-morte - repercutiu nas redes sociais na China, principalmente no Weibo, equivalente ao Twitter mundo afora.

A descoberta do coronavírus

No começo do ano, Wenliang — um oftalmologista do Hospital Central de Wuhan — tentou fazer alertas públicos sobre o início de um vírus que se espalhava a partir da cidade. No entanto, policiais foram à sua casa e o obrigaram a parar. Na ocasião, autoridades chinesas ainda tentavam restringir as informações a respeito do avanço do vírus.

O médico trabalhava no centro do surto quando, em dezembro, soube de sete casos de uma infecção semelhante à causada pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars). Os pacientes em questão tinham todos alguma ligação ao Mercado de Huanan, onde animais vivos eram mantidos para comércio de alimentos.

Ainda em dezembro, Wenliang enviou mensagens para outros médicos em aplicativos de celular para alertá-los da situação. Quatro dias depois, sua casa foi visitada por agentes do Escritório de Segurança Pública, que o obrigaram a assinar um documento que o acusava de divulgar informações falsas que causavam "distúrbios graves à ordem social".

Uma cópia da carta foi publicada pelo médico nas redes sociais em janeiro, quando os casos já eram públicos. As autoridades pediram então desculpas a ele.

Coronavírus liga alerta pelo mundo

Porém, em 30 de janeiro, o médico publicou também na internet que havia recebido o diagnóstico positivo para o vírus. "Finalmente fui diagnosticado", escreveu, recebendo diversas mensagens de apoio. Ele foi hospitalizado em 12 de janeiro, após ter contato com pacientes infectados.

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